sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Essa é pra casar.

Quase morri quando ele se casou. Traíra!
Eu não pensava em casar, não mesmo. Quando criança tinha outros planos, quem era doida com casamento e guardava  até a tiara do casamento de uma tia era minha irmã. Eu queria ser a mulher-maravilha ou ser policial como no seriado CHIPs. E que eu saiba as policiais e heroínas - até mesmo a mulher biônica que "namorava" o homem de 6 milhoooooões de dólares - eram solteiras da silva. Então ter um marido não estava nas minhas prioridades, sequer nos sonhos. Claro que tive minhas paixonites platônicas: Mark, o homem do fundo do mar, o Fantasma (do gibi), e o Sidney Magal. Todos os três ganharam muitos beijos no travesseiro antes de eu pegar no sono. 
Na pré-adolescência eu só dava mancada, oh fase. Brincava de Susie escondida e ainda tomava mamadeira (ai, confessei!) enquanto minhas amiguinhas já enlouqueciam pelos meninos e só pensavam no próximo hi-fi, aquelas festinhas feitas em casa... Meu maior temor era quando cismavam de brincar de salada mista. Não beijava nem queria beijar de jeito nenhum, ainda estava na fase de achar aquilo tudo um nojooooooooooo. Inocência é uma coisa fofa, né? Mas disfarçava pra não ser chamada de bebê. O grande problema mesmo era quando se formava a rodinha de meninas, uma hora iriam soltar o famoso "E aí, você, gosta de quem?" Caramba, eu não gostava de ninguém! Mas já tinha percebido que não adiantava nada falar a verdade, elas achavam que eu estava escondendo algo, fazendo mistério... era melhor chutar um nome e me livrar da santa inquisição juvenil. Só que eu nunca lembrava qual nome - ou melhor qual menino - eu tinha elegido da última vez, nem gravava quem gostava de quem... e isso invariavelmente acabava mal. Sempre havia o risco (grande) de dizer o nome de um que já tinha "dona" - e portanto eu não poderia gostar!?! - e isso gerava o maior auê na rodinha, com gente ficando brava, ofendida e irritada por ter seu pseudo território amoroso invadido. Será que elas nunca sacaram que eu não estava nem aí para nenhum deles? Então era um Deus nos acuda, eu pedia desculpas por gostar de quem não devia e prometia não me meter com ele, rsrsrs...
Ai, meus sais! As meninas nessa fase piram, e eu tinha paciência zero com elas, o que só piorava minha situação pois acabava preferindo a companhia mais tranquila emocionalmente e confiável dos meninos. Era tão mais fácil lidar com eles, era só jogar volei, pique qualquer coisa, falar sobre revistinhas, eu adorava X-man, Marvel e cia... no stress total. Eles nem sonhavam a verdadeira guerra fria que rolava no universo cor de rosa feminino. E justamente por isso, minha situação só piorava entre as minhas iguais, rs. Além de ladra de namorado imaginário (ninguém namorava ou ficava aos 11, 12 anos, naquele tempo), eu e minha memória de Dolly (Nemo fellings)  vivíamos nos confundindo e perdidas neste meio hostil mudávamos de "eterno amor" a cada sessão de tortura. Anotou aí? Ladra de namorados imaginários, volúvel e instável antes mesmo de dar o primeiro beijo! Minha fama só piorava pois quando mais fugia das meninas e suas doideras, mais ficava junto dos meninos - meu porto seguro. Ladra de namorados imaginários, volúvel, instável e popular com o sexo oposto. Ainda não sei como não ganhei fama de biscate. Tinha tudo para dar errado, só que não deu. Ainda não sei como. Talvez porque não ligasse para nada disso e tivesse confiança suficiente para não dar bola pra elas, ou porquê realmente vivia no mundo da lua, ou  fosse simples e totalmente boba.
O grande problema era que eu era a típica boa mocinha de família, dessas que dizem que é pra casar, e não sabia ainda. Só que eles sabiam e respeitavam. Meus planos eram outros, meio malignos... só que antes de virar uma femme fatalle à la Valentine (já tinha evoluido no mundo dos gibis, rs) acabei conhecendo o futuro maridão. Minha vida virou de cabeça pra baixo, as prioridades se inverteram e aos 17 anos começei a entender o porquê daquela geléia geral das minhas amiguinhas de infância... Com 5 anos de retardo, claro.
C'est la vie!

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