quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Alegria Alegria - parte 2

A alegria evita mil males e prolonga a vida.

Ficar de bobeira, rir do nada, encantar-se com o belo, tudo é alegria. Tudo pode ser motivo de alegria.
Tudo deve ser motivo de alegria. Ou deveria, se pudéssemos apreciar com tempo o que está ao nosso dispor. Mas não podemos, não temos tempo nem de ver as bençãos à nossa volta, que dirá... apreciá-las.  Impossível desfrutar a vida em meio a essa corrida de fórmula 1 diária em que competimos. Não vivemos... corremos. E corremos atrás, eternamente atrasados para alcançar nossos objetivos. Sempre apressados. Penso que um dos maiores problemas dessa nossa geração (X, Y ou Z) é a pressa. E justamente essa pressa é o segundo grande ladrão da alegria. Um vilão e tanto. Nem nos damos conta de como é absurdo querermos tudo para hoje, para ontem. Somos vítimas e algozes desse tempo veloz. Sabe aquele velho ditado, de que a pressa é inimiga da perfeição, pois é... pura verdade. A nossa pressa é inimiga da perfeição divina. Além de estarmos fora de sintonia com tudo e com o todo, não confiamos, não relaxamos e nos prejudicamos cada vez mais quando forçamos a barra fazendo "acontecer" o que não era para ser. Resumindo: metemos os pés pelas mãos, atravancamos o desfile e nos estabacamos feio. Bem feito para nós.
Um pouco de calma e paciência faria bem para todo mundo. Como faria! Falamos, agimos, reagimos... sem pensar. Meditar então? De jeito nenhum! Seguimos a mil por hora sem medir consequências, sem avaliar a situação e os fatos. Viramos meros animais de laboratório que reagem sob pressão. Nossa pressão. Pressão alheia. Panelas de pressão prestes a explodir. E, explodimos em casa, no trabalho, no trânsito, no dia-a-dia. Explodimos em plenas férias porque não sabemos desfrutar a vida, perdemos o dom da alegria. Horrível, não?
Precisamos desacelerar, relaxar... confiar um pouco mais. Confiar se não em nós... em algo maior. Quem confia não teme, não tem pressa, não sofre. Sabe que no tempo certo tudo dará certo. Conhece o amor maior, a paz, a bondade, fidelidade, humildade e domínio próprio. Todos temos dons e aptidões natas, alguns porém precisam ser desenvolvidos. Em algum lugar do caminho deixamos de lado o dom de confiar. Confiar em nós mesmos. Confiar nos outros. Confiar em Deus. Como não confiamos em nada nem ninguém corremos para tomar providências, para garantir que tudo funcione, para... para... para quê mesmo?
Para quê corremos tanto mesmo? Essa correria toda nos trouxe alguma alegria? O quê ganhamos com isso?
O que tenho visto não é alegria no meio dessa maratona de estressados. Nada de contentamento, zero satisfação. O nosso prêmio, por assim dizer, tem sido ansiedade, insatisfação, problemas de saúde, neuroses mil e uma infelicidade total e inexplicável. Eternos buscadores de algo melhor, enfiamos na cabeça que merecemos mais e melhor... e desdenhamos do que temos em troca de algo que desconhecemos. O que interessa é que estamos correndo... correndo atrás de uma ilusão qualquer, de uma propaganda, de um status quo, de uma bobagem sem sentido que nos garanta por alguns instantes que toda essa loucura valeu a pena. E segundos depois, insatisfeitos novamente... partimos para outra corrida maluca. Somos patéticos, isso sim.
Uma linha muito tênue divide as motivações do coração entre o mais puro egoísmo e a verdadeira abnegação. É preciso nos certificar de que lado da linha estamos quando desejamos algo. Depois ainda achamos que não temos sorte, ou que não somos abençoados se não conquistamos o que queremos. Nos revoltamos, praguejamos, violentamos nossa alma e nosso corpo como crianças malcriadas. Por vezes nos comportamos exatamente assim, como crianças mimadas dando birra quando não ganhamos um novo brinquedo ou quando não somos atendidos no exato minuto em que solicitamos atenção. Somos caprichosos, no pior sentido da palavra. O que nos diferencia dos nossos filhos é o preço do brinquedo, nada mais. Não somos exemplo para ninguém. Nosso comportamento não é motivo de orgulho nem para nós mesmos.

"Temos que chegar ao ponto em que podemos ser feliz sem ter o que queremos e quando queremos ou jamais o receberemos."

Por vezes, no afã de fazer algo acontecer... nos enfiamos em encrencas e criamos problemas para nossa própria vida, adiando para cada vez mais tarde nossa merecida alegria e paz de espírito. Por não confiarmos que toda vida tem sentido, tem um propósito a ser cumprido, buscamos coisas para fazer, tentando em vão preencher esse vazio interior. Como se fora de nós pudesse existir alegria. Dinheiro, carreira, casamento, filhos, sucesso, comida, roupas, jóias e bens materiais são inúteis quando o que nos falta é tranquilidade. Nosso coração é a morada da nossa alma, ali... longe da razão humana que vive o sopro divino que nos alenta. Um coração fustigado de tantas obrigações, pesares e compromissos não pode ser feliz. Está tão oprimido em meio a tantas vontades cambiantes e desejos levianos que não consegue mais se fazer escutar. O quê o nosso coração está tentando nos dizer? Do quê ele realmente precisa? É hora de darmos um tempo para ele... e para nós. Hora de escutar e de aprender. Aprender com nossos erros e acertos. Tempo de descobrir onde deixamos nossa alegria, onde a perdemos enquanto corríamos tentando "ganhar" a vida, criávamos nossos filhos, crescíamos profissionalmente, e nos afogávamos em obrigações sociais, enfim... enquanto fingíamos que estava tudo ok. Nada está ok, nada pode estar bem com essa pressa toda.
Se for para correr, corra dessa vida doida, dessa pressa insana que rouba nossa chance de sermos felizes.
Respire fundo, acalme-se... diminua o ritmo.  Retire seu nome dessa corrida de doidos.
Reconecte-se com seu coração, escute o que ele diz, gaste o tempo que for necessário para isso.
Horas, dias, semanas, anos. Sem pressa.
Reaprenda a confiar e recupere a alegria de viver.
E, quando a encontrar não tenha pressa em desfrutá-la como se deve.
Aprecie cada segundo de alegria sem moderação.

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