quarta-feira, 19 de março de 2014

Saltos no escuro, equipamentos de segurança e o tudo bem.

Esse post merecia uma dedicatória, 
já que ele foi feito para um certo alguém. 
Só que nós 2 sabemos exatamente 
pra quem foi escrito - com todo amor - e por isso mesmo... 
dispensei o destinatário. 


Cada mergulho é um flash! A arte de saltar para não-clavadores.
A vida pode ser nossa, mas quase nunca temos o controle sobre o que vivemos. O que costuma ser uma droga. Quando percebemos, estamos despreparados na beira de um baita precipício e alguém nos diz... ei, é hora de pular. Pular?!? Tá doido, como assim? Isso não estava no script. Aventura tem limite e nunca fui fã de esportes radicais, colega. Rebobina a fita e vamos reescrever essa parte... 
Só que o redator (ou seria o diretor?) do filme das nossas vidas resolveu que nossa comédia romântica estava precisando de emoção e por isso resolveu mudar o gênero para drama com um toque de tragédia. Faz parte. Alterações contratuais leolinas, sei... mas faz parte. 
Então estamos ali, na beira do penhasco fazendo força pra não borrar as calças quando nos damos conta que não estamos preparados pra isso. Verdade seja dita, ninguém está. Nunca. Não é uma questão de falta de coragem ou de medo de altura... nada disso. O fato é que ninguém faz treinamento para saltos no escuro (necessariamente não precisa ser escuro, é só pra dar mais peso ao drama) ao menos que seja um dublê de filmes de ação. Boa idéia. Tem um dublê aí? Alguém forte e preparado pra esses momentos de "pega pra capar"?  Não? Ai, ai... que falta de graça! 
De volta à cena des-graçada.
Você está ali, de boa, levando sua vidinha. Dias felizes, dias de tédio, dias de birra, dias de luta, dias assim... quase normais, quando no meio do caminho depara com o tal do abismo. Não sei como vocês reagem. Sou do time do "tudo bem". Eu, pessoa racional (ou quase), diante do perigo inesperado ou das rasteiras do destino tenho esse comportamento ilógico de dizer pra mim (e pra platéia incauta): TUDO BEM. 
Vamos ser realistas. Sei muito bem que não está nada BEM. Do mesmo modo que sei que também não posso garantir - nem pra mim que dirá para outro alguém - que tudo acabará bem. Convenhamos que... me faltam asas e tendo em vista o fato de também não saber levitar (ou de possuir um tapete voador), as chances de não haver happy end são grandes. Ainda assim, eu digo e repito sorrindo: está tudo bem, está tudo bem, vai ficar tudo bem. Praticamente um mantra que se não controla o meu pânico, me faz pensar que talvez, pode ser que, todavia, porém, entretanto... controlarei, nem que seja pra manter a pose. Estilo: sei que estou prestes a virar picadinho de mim, mas farei isso com classe e calma. Sou uma iludida. Sei disso. Iludir-me faz parte do show e me tornei tão boa nisso que em 99,9% dos casos em que estive a beira de desfiladeiros da realfucklife, pulei sorrindo (de nervoso). 
A ladainha interna do tudo bem ultrapassa-me, já que não basta acreditar que tudo está ou ficará bem, preciso fazer os outros acreditarem nisso também. Poucas coisas me dão mais medo do que ver o medo, a dúvida e o desespero estampados nos olhos de quem amo. Então... vamos repetir, pateticamente, o tudo bem pra quem aparecer pela frente. Vamos repetir com convicção até que a mentira vire realidade. Só que não vira. A mentira, ainda que útil e necessária, nunca será real, jamais será verdade. Mas a gente finge que vira, porque precisa acreditar nisso. Questão de sanidade mental: verdade ou não, tenho que crer no tudo bem. 
Ok, o tudo bem está logo ali, quase palpável. Do chão ninguém passa, rs. Piada besta. Meu humor fica um tanto destemperado nessas horas, confesso. Rir nos piores momentos, nas horas mais inadequadas... diante do perigo, também faz parte. O chato é que a maioria das pessoas não entende isso.

Confiança no equipamento de segurança é tudo.
De volta ao grande salto e com o foco no final feliz (senha: tudo bem) percebo que tenho o direito de usar alguns equipamentos de segurança. Ufa. Nem tudo está perdido, exitem equipamentos de segurança. Que alívio que isso dá! Cada pessoa tem um pra chamar de seu. O meu chama-se fé. Uma meleca de fé, convenhamos... egoísta, meio rebelde e muito interesseira. Sabe o tipo de pessoa que se agarra em Deus e em todos os Santos quando o circo pega fogo? Euzinha, prazer. Isso não quer dizer que não tenha fé, só que não costumo pensar ou exercitar ela diariamente. E a falta de treinamento causou um pouco de ferrugem, um ajuntamento de pó e teia de aranha no equipamento. Ok, equipamento meio sem uso, sujo e precisando de um óleo aqui e ali, ainda assim... é melhor do que não ter nenhum! A gente corre, limpa, engraxa, prepara, confere e reconfere tudo, tim tim por tim tim (faz mil promessas e jura ir na missa todo domingo e dependendo do abismo... negocia até mesmo uma peregrinação à Basílica mais próxima) e se joga.
Se joga nada, que a vida é minha e sou ligeiramente apegada à bichinha. Vou lá, repasso todos os itens de segurança, aperto tudim de novo, só por modo de... ganhar tempo. Só que o tempo nunca está do nosso lado quando tem um salto esperando por nós. Aliás, nesses casos... aprendemos na prática que tempo e distância (e tudo o mais que puder imaginar) é relativo. Por exemplo, para uns o tal do salto talvez não seja grande coisa, mas pra quem vai saltar... cada centímetro parece quilômetros. Talvez para quem está na audiência tudo transcorra rápido, num piscar de olhos... mas pra quem está ali, brincando com a lei da gravidade, cada segundo dura uma eternidade. Teoria da relatividade, sacou?
O que sei é que já fui obrigada (não sou masoquista pra escolher esse tipo de coisa por vontade própria) a dar alguns saltos e inexplicavelmente sobrevivi a todos. A vida me empurrou pra frente e quando vi estava saltando na tirolesa e até fazendo rappel de costas, quando tudo que queria era brincar de cama de gato num jardim ensolarado. Deu medo. Deu paúra mesmo. Deu vontade de gritar (e gritei) contra a injustiça de ter que vivenciar algo que não pedi, que não escolhi e que (uia, olha a santa inocência) julgava não merecer. Afinal, que tipo de mundo é esse em que pessoas boas passam por maus momentos? Muita injustiça. Pior ainda quando a merda cármica (puxada de tapete do destino) estraga não a sua vida, mas a de alguém que você ama. Que ama mais do que a si mesmo. Aí a situação passa da categoria merda para bosta ao cubo! Uma coisa é pular do penhasco solita, outra é fazer isso carregando outro no colo. Complica bastante. Exige que a farsa do "tudo bem" saia da categoria canastrã do teatro do bairro e adentre no nível estrela multimilionária vencedora de 4 Oscars. Faz com que a revisão do equipamento de segurança seja redobrada. Não bastar rezar uma Ave Maria e um Pai Nosso é preciso rezar o terço todinho, ajoelhado no milho se preciso for...
Cada um tem seu modo de enfrentar os desafios da vida-como-ela-é. Alguns são mais lógicos, racionais. Outros se deixam levar pela emoção. Tem uns que negam pois não conseguem lidar com saltos no escuro. Não sei qual o seu tipo.
Sei apenas que você está aí... de cara com um mega abismo e gostaria só de lembrar que, por contrato, você tem direito a todos os equipamentos de segurança que precisar e que... TUDO VAI FICAR BEM NO FINAL.


Te amo. 

4 comentários:

  1. Gê,não entendi nadica,pelamorrrrr..o q tá acontecendo????

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  2. Auhauahau tb não entendi... mas achei legal!

    Kisu!

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  3. Meninas, desculpe.... mas quem precisa "entender" a mensagem, entendeu (espero, rs). Não posso citar nomes. Bjks.

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