segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Die Scheiße

Das merdas da vidinha de uma mulher da classe média hater, vil e recalcada: 


1. Casa. Houve um tempo (seculus seculorum atrás) em que isso até me apetecia, tinha o maior orgulho. Faz alguns anos que liguei o botão DANE-SE. Pelo menos já superei o desgosto. Por que teve uma fase em que cheguei mesmo a desgostar da minha casa, minha vida. Hoje estou me equilibrando entre o phoda-se (acho que é a idade) e a tentativa de manter tudo em pé, funcionando razoavelmente.
2. Empregada. Adoraria viver sem. Já tentei. Maridex entra em colapso pq tem toc com limpeza e organização, mas tenho que dizer que, depois de conviver por quase 20 anos com uma bagunceira como eu, está quase curado. Estou cada ano (mês e dia) que passa mais convencida que não precisamos mais de uma. É muito dinheiro. E não estou falando só de salário e impostos. Estou computando os extras. Por exemplo... graças à porcaria da saúde pública nacional, não tenho coragem de deixar ela se submeter a certos riscos. Precisou de cirurgia na vista? Quem pagou tudo par-ti-cu-lar?!? Precisou de dentista? Precisou de remédio? O nome da phamacinha popular é: minha bolsa, minha poupança. Poizé, seu Zé. Pois, é... sem falar que tem tanto tempo de casa que "já virou da família". 
3. Médico. PUTA que o PARIU. Baby one tem um histórico louco com ouvido, então... onde chegamos vamos à caça do melhor médico da cidade. Achamos um aqui (indicado pelo anterior, lá no sul) que é a sétima maravilha da galáxia. Se vc vê o curriculum pensa que é um velhinho... mestrado e doutorado no exterior, professor universitário renomado, et cetera mas chega e descobre que se tiver 35 anos é muito. Super capaz e competente, consultório bombando de clientes... e ele - putíssimo - nos informa que vai fazer pós doc em Harvard e que provavelmente não voltará ao país. Que cansou a beleza e que os "cubanos" foram a gota d'água. Que é pesquisador e não tem campo nem verba na universidade (federal), que virou uma zorra, que o HU foi tomado de assalto pelo petê, que não vê mais horizonte... e que não tem como continuar trabalhando no que gosta no seu próprio país. Que ganha sim, um bom dinheiro e que não pode reclamar financeiramente, mas que isso não é tudooooooooooo e vai embora agora, enquanto é novo e pode reconstruir sua vida (com a esposa e filho pequeno). 
Quase chorei... mesmo pq entendo e concordo com a posição dele. 
4. Segurança. Ou falta de. Hoje moro na mesma quadra onde morei na minha juventude. A diferença? Minhas filhas não podem descer para quadra sem um adulto cuidando. Motivo? Assaltos, trombadinhas e crakeiros por todos os lados.  Toda semana é um vizinho que foi assaltado na porta de casa, na rua. Esses dias um amigo foi roubado dentro de casa, às 3 da manhã... sorte que eles não acordaram e os bandidos fizeram a limpa só na sala e na cozinha, não entraram nos quartos. Hoje levo e trago minhas babies - a pé ou de carro - onde antes andava sozinha não importava a hora do dia (ou da noite). 
5. Educação. Você se mata de trabalhar pra dar um bom estudo pros seus filhos, faz tudo que pode e ainda assim... sabe que não é o bastante. A glória da classe média é ver sua cria se matar de estudar e passar num vestibular de uma federal. Glória?!? Fui rever a faculdade onde estudei e me formei. Que ódio... acabada, destruída, um lixão! Minha UNB virou um lixão em todos os sentidos. Pelo amor de D'uz... juro que só deixo minha filha estudar lá em último caso. Parece que regredimos 50 anos, ou mais! 
Se existir uma mínima chance, mando ela pra fora. Ah, mando sim. Só que pra isso a menina vai ter que além de conseguir uma vaga na IVY LEAGUE (go bigger or go home) vai ter que correr atrás de uma bolsa integral. Não tenho fundos pra um mês de estudos dela lá... que dirá uma graduação inteira? 
6. E se você tem a ousadia de reclamar da situação... vem sempre um imbecil e diz que você não tem esse "direito" porque é uma privilegiada, uma burguesa, uma #!$*(¨$@! Então tá, né. 
7. Tento, mesmo, não ver-ler-pensar em política nacional. É uma superação diária, estilo AA. Assumo, sou viciada, o Brasil é minha droga. Preciso da minha dose diária dessa porcaria, apesar de saber que me faz mal. Mas é difícil, quase impossível, ficar longe. Hoje mesmo fiquei sabendo do discurso da presidAnta no dia das crianças. Comentário do meu dog interior, sujeito oculto de mim-mesma até minutos atrás: au-au. Caraca, e euz que sempre me achei um ser mais gatil... Fazer o quê? Como lidar sem cair no escracho?


Não, não estou na TPM (ainda).

Ou seja, ai de nós... os infelizes provedores da classe medíocre (ou sendo mais específica: euz) que não tem onde cair mortos mas que todos "acham" que temos. Somos o prato preferido do Leão (a receita federal nos ama de paixão) e temos que sustentar não só a nossa casa mas outras que não fazem parte - oficialmente - da nossa lista de dependentes, os "agregados" da bolsa-família dentre outros parasitas estatais.
Não, não posso escrever sobre os sofrimentos ou sobre a vida durango kid dos menos favorecidos, simplesmente porque não sou, não sinto na pele o que eles vivem. Se você quiser ler sobre o tema sugiro uma visita ao Pensar ácido, duro, mas sugestivo! do Carlos de Albuquerque, aliás... recomendo muito! Faço minha parte, faço o que posso, ajudo no que dá e morro de culpa (merda de culpa cristã) quando vejo que não posso mais... MAS não sei nem nunca vou saber (espero) o que é estar na pele deles. Agora... respeito é via de duas mãos. Se respeito, mereço ser respeitada. Sou burguesinha, sim. E não acho mal nenhum nisso! Viva a burguesia que sustenta esse país. Basta de ter meu couro retirado diariamente enquanto escuto alguém rindo e fazendo piada #classemediasofre.
Ah, sobre o dia das crianças...
Resumo: além de baby two fazer uma limpa no armário dela (brinquedos em perfeito estado e que não estavam mais em uso) para enviar para Vila Estrutural (lixão de Brasília), ganhou: um livro, uma ida ao cinema, com direito a lanche (hamburguer) e sorvete. Ela tem 11 anos, já está a par de como caminha a humanidade... dia das crianças é dia aproveitar e  passear com as crianças e não dia de dar brinquedo, isso ela tem de sobra. Baby one? Bem, ela está participando de um tipo de congresso de relações internacionais, uma mini-onu. Está estudando no feriadão, em outra cidade. 
Aonde quero chegar com isso?
Simples: em lugar nenhum. Já desisti de chegar em algum lugar. Isso aqui é um labirinto sem saída. Jogaram a chave do hospício fora faz tempo.
Não me peçam coerência. Abri mão dessa inutilidade hace mucho tiempo!
Só estou constatando os #fatos. 

4 comentários:

  1. Bueno,aqui é um bom lugar pra desabafar.E ainda acrescento uma coisa: pq inventei de dar uma recauchutada só pra atender a estética vigente?????Agora não dá pra tirar mais....affe!!!!!!

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  2. Minha nossa! O que é esse GIF meldels!!!!!

    Kisu!

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