terça-feira, 13 de agosto de 2013

Made in Peru (9)

Na feira artesanal em Pisaq (primeira parada)
Não sei o motivo pelo qual  esse post não foi publicado - falha nossa! Encontrei agora em "rascunhos". Demorou mas... eis a última parte da viagem ao Peru. Sem mais delongas ou desculpas.

...
Aula de agricultura inca.
Voltamos do passeio a Machu Picchu, dormimos e acordamos cedo no dia seguinte para pegar a excursão combinada para o Vale Sagrado. Existem trocentas mini agências de viagens em Cusco, é entrar e negociar. O guia foi nos buscar no hotel, levou-nos para uma praça de onde partiria o tour e ali ficou conosco aguardando a van chegar. Houve um pequeno atraso. Coisas de sulamérica! O legal foi que ele aproveitou para ficar contando detalhes sobre a cidade, sua arquitetura, cultura, et cetera. Então não ficamos chutando lata apesar de sempre rolar um medinho básico...
Será que nos metemos numa enrascada? 
Será que vamos levar um bolo?
Será que?

O transporte chegou, já lotado, fomos os últimos a embarcar. Foi bem interessante, pois além de um casal de extrangeiros, todos os demais turistas eram peruanos conhecendo seu próprio país. Isso tornou a viagem bem mais ... típica?
Passamos (e não paramos) em alguns sítios arqueológicos nos arredores de Cusco - não estavam dentro do pacote. Seguimos direto para um pequeno povoado chamado Pisaq onde tinha uma famosa feira de artesanías. A famosa feira são só dois galpões, mas o preço ali é bom. Vale a pena deixar para fazer as comprinhas ali. Tem também umas lhamas e cuys (parente próximo de porquinhos da índia) com peruanos vestidos com trajes típicos, prontos para tirar fotos em troca de algum dinheiro. Achei eles bem mais simpáticos do que as mocinhas praguejadoras de Cusco. 
O vale em si é muito bonito, extremamente bucólico com suas casinhas de barro. Um verdadeiro encanto. No teto de quase todas elas se vê os boizinhos (los toritos) de la suerte. As famílias cristãs colocam junto a cruz. Sobre esses toritos o guia nos contou que trata-se de uma adaptação do colonizador espanhol de um hábito cultural pré colombiano. No tempo do império inca as famílias colocavam no alto das casas um
casal (fêmea e macho) de lhamas representando a fartura da terra e a família. Era um marco, já que a etapa mais importante na construção de uma casa para um novo casal era a conclusão do telhado. Telhado feito, lhamitas instaladas para abençoar o lar, podiam então morar ali. O conquistador adaptou a crença trocando os animais pra o touro (representante do vigor espanhol) e retirou a fêmea do seu lugar... hoje o que se vê são dois tourinhos. Apesar da nova "roupagem" a crença - arraigada no imaginário popular - manteve-se firme e forte. Em todo lugar se encontram miniaturas desses toritos da sorte para venda.
Em Pisaq mesmo encontra-se um belo sítio arqueológico. A vista dos andaimes de plantação inca é linda.

O "cemitério" nobre. Viram?  Nem eu.
Ali conhecemos melhor o método de agricultura e seu funcionamento, bem como detalhes dos rituais de limpeza e purificação inca. E também vimos um cemitério nobre inca. Gostei bastante, não tem cara de cemitério... são simples covas na montanha, mal dá pra saber que ali estão enterrados reis e nobres. Achei chique (e ecológico). Paramos em uma panaderia e forno (padaria) local e comemos algumas empanadas feitas com produtos locais - uma delícia! Virei fã da quinoa, nunca tinha comido antes. 
Depois de mais um tempinho rodando pela estrada (praticamente uma rua - mas sem buracos) chegamos ao restaurante onde iríamos almoçar. Um self service cusquenho. Comemos carne de alpaca. Se não dissessem que era carne de alpaca... nem notaria. É boa. Algo me diz que não é nessa vida que me tornarei vegan. Preciso evoluir (?) muito ainda, kkkkkkkkkkk.
Pena que o cuy estava em falta nesse dia. Em compensação tinha... ceviche! Eh!!! Foi ali que aprendi que camote é uma batata e não um tipo de abóbora. O restaurante era bem simples e a comida honesta. Tinha até um (tipo de) mariacchi cantando ao vivo! Do lado de fora um belo jardim onde os trevos tomaram o lugar da grama. Tentei achar mas não encontrei nenhum com quatro folhas. Bad luck?
Fomos embora e depois de dez minutos de estrada rolou o maior barraco peruano dentro da van. Um dos senhores percebeu que seu troco (do almoço no restaurante) estava errado e insistia para voltar de qualquer jeito. Foram momentos quase-tensos já que nosso guia não admitia de modo algum retornar e sair fora do cronograma do tour. Quando o clima ia fechar mesmo com o chefe da família peruana ameaçando descer da van e abandonar a viagem para buscar o dinheiro... alguém teve a brilhante ideia de ligar para o restaurante, averiguar o acontecido e pedir para outro guia de outra van (eram umas 4 ou 5) pegar o troco e levar para a próxima parada. Fiquei um pouco decepcionada com a truculência do guia ao tratar com seu conterrâneo. Fez-se um silêncio sepucral até o novo ponto turístico: Ollantaytambo.  Falta de educação é algo que me perturba, enfim... Coisas da vida como ela é. 
Empanadas de quinoa em Pisaq antes do almoço.
Seguindo...
A cidadela de Ollantaytambo (eh nominho...) é uma graça, pequenina e charmosa para quem olha hoje em dia. Ainda era habitada quando os espanhóis chegaram... naquele tempo um verdadeiro complexo arquitetônio (sim, é impressionante até hoje), militar  e agricola. Seu maior ponto de atração é a "fortaleza". Realmente intrigante a perfeição do trabalho de encaixe das mega pedras. E, claro que isso gerou (ainda gera) dezenas de teorias sobre quem e como construíram ela. Trabalho árduo, artísticamente impecável e de primeira grandeza.
Contou-nos o guia sobre um tal de sábio conselheiro inca que apareceu do nada (?) e tornou-se um dos mais importantes membros da corte do rei. Ensinou sobre estratégia militar, fortificações, treinamento e muito mais. E aconselhou todos a ficarem preparados para a chegada do "inimigo" que logo viria, e que era branco, barbudo e de olhos claros como ele. Já viram algum índio claro ou com barba? Bem... o tal conselheiro era tão respeitado que sua face foi esculpida na montanha, para que todos se recordassem dos seus ensinamentos e do seu alerta sobre o perigo que estava por chegar. Seria algum náufrago europeu? Tudo indica que sim... Na feirinha de artesanato (dá pra ver as barracas na segunda foto) comprei uma escultura de madeira dele, que por sinal... é feio que dói, rs.
Para subir na fortaleza, que na verdade é o templo do Sol (quem mais?), é preciso subir alguns muitos degraus. Cansativo. Bem cansativo. Muito mais do que um dia inteiro de Machu Picchu!!! Acreditem. Subi colocando os bofes pra fora... mas subi e é isso que interessa, rs.
O templo do sol no alto da fortaleza de Ollantaytambo - uma jóia sem igual.

Um pouco mais de fotos na fortaleza, na primeira a vista do alto, na segunda... a escadaria, não se enganem, a subida é dura, e por último a face do conselheiro inca esculpida na montanha: 






Terminado o passeio em Ollantaytambo, todos os demais coleguinhas da van de turismo nos abandonaram... foram tomar o trem para Águas Calientes. Ficamos nós, o motorista e o guia que tentou dar um de joão sem braço e nos perguntou se "queríamos mesmoooooooooooooo" ir até Chinchero, última parada prevista do tour Vale Sagrado. Para desgosto dele... dissemos que SIM! 
Seguimos viagem.... subindo e subindo, Chinchero está localizada bem acima de Cusco, praticamente no cume das montanhas. Uma paisagem lindíssima... ainda mais com os inúmeros arco íris que despontavam pra todo lado. Sobre arco íris... preparem-se para rir. 
Lembram que a bandeira de Cusco (e do império inca) é um arco íris? Pois bem. Chinchero era a sede do maiores guerreiros do império, da tropa de elite inca. Conhecidos como os... guerreiros do arco íris. Caraca, desculpas-foi malz aê, não deu pra evitar o riso! Claro que só fomos descobrir isso quando chegamos nas ruínas da fortaleza militar, que hoje abriga uma igreja-mosteiro colonial com mais uma feirinha de artesanato, mas.... valeu a visita só pelo tanto que rimos dos bravos guerreiros do arco íris. Salve a infantaria inca!!! Ok, sei que é feio. Mas... ah, gente. Não deu pra não rir. O máximo que consegui - com algum esforço - foi não brincar com nenhum militar peruano sobre o passado comprometedor deles, mas... me diz. É ou não o máximo?!? 
Fotos de Chinchero:



A última foto do "marci, el 7" não sei o que significa para eles, nem o guia soube explicar. Estava pichada em várias portas e janelas pela cidade. Na falta de motivo... considerei uma singela homenagem à minha data vitalícea, rs. Obrigada pela consideração, chincheiros! 



5 comentários:

  1. E voce querendo esconder isso da gente? tsc, tsc, tsc!!

    Como era de se esperar, me amarrei no cemiterio ali!! rsrs

    Guerreiros do Arco-Iris? HAHAHAHAHAHA
    Eu teria uma daquelas minhas crises de riso que tenho quando nao posso rir!!

    beijocas Ge!

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  2. Eu comprei uma colcha muuito linda! Por R$ 17,00 aprox. Eu fiquei com dó de pechinchar pq eles cobram tão baratinho... mas tive que fazer pq tava quase sem dinheiro. Preciso buscá-la no Brasil rs..

    Eu fui pra MP, um dos meus sonhos, fiz aquela excursão básica CVC turismo rs

    http://bahka.blogspot.co.uk/search/label/Peru

    Kisu!

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    Respostas
    1. Bem... não sei se inflacionou, mas não achei nenhuma colcha por 17,00 e olha que maridex é o rei da pechincha - eu chego a ficar com vergonha,rs. Ainda assim é barato, especialmente nas feirinhas do vale sagrado.

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  3. Tá,mas tu não foste pra Águas Calientes???Acho que perdi algum post aqui...quero dicas pois no ano que vem,pretendo ir,me diz o que é roubada e o que vale MESMO a pena,meu irmão foi e gostou do Vale do Conca,foste pra lá tb?
    Bjs!

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    Respostas
    1. Fui sim, Madi... olha nos posts anteriores que tem Águas Calientes e Machu Picchu. Vale MUITO a pena. Não fui no vale do conca... uma pena.

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Falaê...

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