terça-feira, 23 de julho de 2013

O papa (e eu).

A bem da verdade: os papas.

Era 1980 e o Papa João Paulo II fazia sua primeira visita em Aparecida do Norte. Estava lá, lembro de ter sido um dia frio, de ter acordado cedíssimo e da confusão que foi sair de casa, pois nosso cachorro (um pastor belga de nome Ringo) queria entrar no carro de todo jeito. Meu pai (oficialmente ateu, mas o ser mais cristão que já conheci nessa terra) fazia parte da equipe de segurança responsável pela vinda do papa, por isso teríamos direito a ficar numa área mais próxima do papa, nos palanques de autoridades (claro que só soubemos disso depois, papis omitiu a informação, rs). Ficamos no meio do povão mesmo já que meu pai não era adepto disso de área vip, achava que ninguém era melhor do que ninguém, e que devíamos assistir a missa junto da galera. Deve ter sido meu primeiro contato com um público tão grande, com a tal da "massa", adorei a multidão cantando "a benção, joão de Deus". 
Não gostei muito (ainda não gosto) é da turma que carrega ex votos, aquelas cópias em cera de pedaços do corpo me causam enjoo desde pequena. Meio macabro esse costume. Sobre o mega santuário de Aparecida. Detesto. Acho feio pra dedéu. Espero que tenha melhorado, achava ele grande demais, escuro demais... assustador. Minha primeira vontade quando entrei nele foi de passar uma tinta branca nas paredes (de tijolo) e acender luzes. E olha que só tinha oito anos! Prefiro a Basílica antiga, onde se chega através de uma ponte super alta. Sempre foi minha parte preferida do passeio, atravessar essa ponte e ir na igreja velha. Mal me lembro da figura do Papa em si, mas apesar disso foi um dia emocionante. A grande lição dessa visita do Papa, apesar de tudo não veio dele, e sim do meu pai. Somos todos iguais e nem sempre o palanque é o melhor lugar para se estar. Bingo!
Na segunda vez, 1991, em Brasília, assisti a monumental missa que João Paulo II fez na Esplanada dos Ministérios. Novamente uma multidão se formou. Foi lindo, não dá pra negar a empatia do Papa com o povo. Dessa vez o que me chamou atenção foi o altar (grandioso e assinado por Niemeyer) que fizeram para ele celebrar a missa. Claro que ninguém se preocupou com os custo$ na época. Imagina... Por fim reaproveitaram aquele telhado e construíram uma igrejinha pra justificar... a catedral militar da Rainha da Paz, próxima ao setor militar urbano. Nem preciso comentar que vive dando infiltração e que a acústica é uma bomba, né. Vocês já conhecem minha picuinha com o arquiteto.
Depois dessa missa campal, tive a oportunidade de conhecer o João de Deus de perto. O pai de uma amiga trabalhava no Palácio do Planalto e fui convidada para ir junto com a família ver o Papa in locu... dentro do próprio palácio. Não dá para estar num palanque mais vip do que esse, enfim. A imagem dele descendo a escada interna do salão principal ainda está gravada dentro de mim. Apesar da falta da barba era difícil não associar a figura dele ao Papai Noel. Tão eslavo, com aqueles olhos claros e as bochechas vermelhas... ele de algum modo transmitia serenidade e docura em meio daquele caos. Um caos controlado, mas não muito diferente da exitação que percebi antes, nas ruas, junto do povão. Somos todos iguais... e a presença papal afeta a todos, pouco importa seu cargo ou onde esteja.  Apertei sua mão, resisti à vontade de dar um abraço e estalar beijos naquelas bochechas fofas, esqueci completamente de beijar o anel papal (nem dava tempo no meio daquela zona) e pedi a benção. Inesquecível. 
A humildade e a coragem.
Em 2000, estive no Vaticano. Como de praxe, vi o Papa na janela, num domingo frio e ensolarado de fevereiro. Em 2011, outra vez no na praça de São Pedro, dessa feita avistei o Papa Bento. A presença do antecessor estivesse ali, firme, forte e agregadora. Parece que irão torná-lo santo. Quem imaginaria o que o alemão faria em seguida? Abdicar do trono papal? É preciso coragem. Muita. Tem meu carinho, respeito e admiração eternos.

Looping mental: Adoro o museu do Vaticano, perderia-me por lá durante dias se pudesse. Tenho verdadeira fixação pela escadaria de Bramante. Se pudesse passaria um dia inteiro só nela. A paixão é tanta que se soubessem o quanto ela me afeta... seria excomungada. É pecado sentir atração sexual por uma obra de arte do Vaticano? Não sei. Deve ser. Será? Poizé. Abafa o caso!


Sobre Francisco... como não AMAR? Como não respeitar? 
Seja mais do que bem vindo à Terra de Santa Cruz, Francisco.
Desculpa a bagunça, a falta de jeito e zorra total. Infelizmente, faz parte.
Se não for pedir muito: reze por nós, Francisco. Reze bastante. E perdoe-nos.

3 comentários:

  1. Muito fofo esse novo papa, né! To prevendo uma geração de franciscos nascendo nesse ano! =)
    Hoje mesmo conversei com a minha família que quero conhecer aparecida do norte. Sempre passo por lá, mas nunca ví! Manifestações de fé me emocionam!

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  2. Eu não sou católica, mas acho pomposo a imagem do Papa. Quando meus pais visitaram Roma, eles trouxeram um terço do Papa Bento. Tenho ela guardada até hj, mas como mero souvenir. Tá, pode me sacrificar com os olhos auhauahua mas não sou ligada a essas coisas de religião.

    KisU!

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  3. Olha, sou católica (e para o desespero de alguns deles também sou espírita kardecista). Penso que as pessoas podem ter ou não religião. Deus não tem. Deus é amor e isso basta.
    Independente da religião há sempre uma certa pompa e circunstância (o erro é deixar-se iludir por isso, que é detalhe e não o principal) mas de quando em quando surgem seres realmente iluminados. Acho que o novo Papa é um deles.

    Bah, não te julgo não.
    Neanderthal, espero que goste de Aparecida. Faz anos e anos que não vou lá (quase 10) espero que tenha melhorado. Se for, não deixe de pegar a ponte e ir conhecer a primeira igrejinha, é fofa.

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Falaê...

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