quarta-feira, 24 de julho de 2013

Contos de Calvino, a pomba e o Papa.

Como contei alguns dias atrás, li os contos de Calvino, que nada mais são que uma coletânea de contos populares italianos reunidos pelo autor. Algo parecido com o que os irmão Grimm  fizeram com a tradição oral alemã e com o que o dinamarquês Hans Christian Andersen também fez no norte europeu. As mil e uma noites seguem a mesma trilha e é curioso perceber as coincidências entre alguns deles. Contos contam tanto sobre nós. É preciso ler com cuidado. Não são estorinhas para ninar criancinhas. Longe disso.
Não conhecia essa "estorinha" em particular. Coincidência ou não, havia lido esse conto pouco antes de ver a imagem de Francisco com a pomba no facebook. Cada um que tire suas conclusões: 
Dizem que havia num pequeno povoado ao norte da Italia um homem que resolveu mandar seu filho estudar para aprender todas as línguas do mundo. O menino parte e após anos de estudo retorna à casa paterna. Chegando lá é uma decepção e o pai o bota para fora de casa, julgando-o louco por falar com animais. Considera o tempo e o dinheiro gasto com a educação do filho um desperdício. O jovem cai na estrada e passa por algumas aventuras, sempre safando-se de perigos e assaltos pela capacidade de comunicar-se com os animais. Numa hora é um cachorro, noutra um burro, e por onde passa os animais o auxiliam. Até aí o conto já teria cumprido seu papel, mas ele segue adiante. Em determinado momento, caminhando ao longo da estrada para Roma, encontra dois jovens descansando debaixo de uma árvore. Para, conversa e junta-se a eles. Muito puro e honesto não esconde de ninguém sua habilidade de falar com os animais, ainda que isso tenha sido motivo de chacota desde seu retorno à casa do pai. Em determinado momento um pomba pousa na árvore. Eles conversam. Os companheiros de brincadeira perguntam sobre o tema da conversa. O jovem conta que o Papa morreu e que todos devem se dirigir rapidamente para Roma, já que um dos três será o novo escolhido para sentar-se no trono papal. Os dois assustam-se, pois são padres e já sabiam da morte do Papa. Estavam justamente em viagem para presenciar a eleição do novo pontífice. Chegando na cidade, um pomba branca pousa na cabeça do jovem que fala com os animais. A mesma que havia conversado com ele na estrada. Ele é feito Papa imediatamente, pois era assim que os papas eram escolhidos então. Na tradição católica, o Espírito Santo é representado por uma pomba branca. Bom filho, manda chamar os pais para viverem com ele. 
A pomba e o escolhido.

Um comentário:

  1. Eu ví essa cena da pomba branca. Mas não conhecia essa história.
    De fato, a pomba branca tem um caráter simbólico muito forte para os religiosos.
    Beijos

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