terça-feira, 18 de junho de 2013

Congresso Nacional, 17 de junho.

A última vez que vivi algo parecido com o dia de ontem foi em 1992, de cara pintada, era uma das que pediam o Fora Collor. Não estar ali, vivendo a história do Brasil ser construída era um absurdo, seja a 21 anos atrás, seja ontem. Nada contra quem não se manifesta, seja porque não gosta, não concorda ou tem medo de se meter em encrenca. Só que há momentos que não foram feitos para serem assistidos por uma tela de tevê ou computador. Telespectares jamais saberão o que é deixar de ser público enquanto não abandonarem por alguns minutos o conforto e a segurança do seu lar. Quando se faz a história é preciso estar lá participando. E estar disposto até a errar, a se enganar. Só não erra quem não faz. Só não cai do cavalo quem não monta. É preciso tentar, ter coragem e querer ser parte dos que escrevem a história do país. Há os que fazem acontecer e os que ficam sabendo. É necessário ver e sentir, ser o povo para entender o que se passa e para isso só há um jeito, estar lá... nas ruas do Brasil. Ao vivo e a cores. De verde, amarelo, azul e branco de preferência.

Comparando, já que tive o privilégio de estar nas duas manifestações. Gostei logo de cara dessa, não tinha trio elétrico com pelegos da UNE, de partidos políticos ou de supostos "donos" da manifestação. Senti alívio e orgulho de não ver nem uma única bandeira (ou camisa) de agitador político ou sindical por ali. O clima reinante não permitia. E, pelas notícias que tive, não permitiu... já que um bobo da juventude petista que tentou se fazer de representante da massa foi devidamente destituído do falso posto. A turma ali não tinha e não aceitava falsos líderes. Tenho cá comigo que nem a turma do Passe Livre (que grita contra os 20 cents em Sampa) e nem o #Juntos da Luciana Genro (filha de vocês sabem quem, eca!) esperavam isso tudo. Aliás parece que os patrões deles andam meio #chatiados com o rumo que as manifestações andam tomando.
Ponto pra nova geração!


A grande maioria (99,99999%) estava ali na paz e na boa. A maior parte com sua camiseta branca (alguns de preto em sinal de luto pelo país) e seu cartaz de protesto, todos feitos à mão. Nada de faixas pagas e encomendadas por sindicatos ou partidos. Deu orgulho da criançada (sorry) com suas cartolinas! Alguns poucos usavam máscara do V, o que me fez crer que eram parte ou simpatizantes do grupo Anonymous, um dos que saíram do facebook para a vida real. Tem seus méritos, parabéns para eles! Foi mais do que um movimento pacífico, foi poético. O bom humor brasileiro estava presente, com pessoas se auto intitulando geração coca-cola com mentos (rs) ou participantes da marcha do vinagre (rs). Se isso não for fair play, não sei o que é. Falando em fair play, claro que sobrou pro mister Blatter. E para Dilma! Dá vontade de rir quando o PT faz de conta que esse povo todo na rua não está reclamando dos 10 anos de seu governo incompetente e corrupto... ah, se dá.


A turma ocupou o gramado do congresso nacional e ficou ali gritando Fora, Renan! Fora, Sarney, Fora Feliciano dentre outros políticos atacados. Pediram a prisão dos mensaleiros. Pediram a cabeça do Dirceu e seu bando. Protestaram contra a Dilma e o PT. Reclamaram do gasto na Copa. Cobraram educação, saúde e transporte público de qualidade. Teve também cobrança pelo fim da corrupção e defesa do Ministério Público. Não foram poucos os cartazes contra a PEC 37. 
Alienados? Inocentes úteis? Serão mera massa de manobra? Não sei não...
A tomada do congresso e a festa na laje.
O laguinho foi tomado por alguns mais afoitos. E uma minoria, diria mesmo uma micro minoria, tentou provocar a polícia tacando água neles. Foi imediatamente vaiada e impedida pelos próprios manifestantes que não gostaram do ato. A polícia estava tranquila, tão tranquila que parecia ter tomado lexotan antes de ir para o serviço. Na lateral esquerda, do lado do palácio da justiça tinha um pouco da cavalaria da PM. Enquanto estive lá nada fizeram, ou melhor... fizeram. Durante a "invasão" da laje saíram e levaram seus cavalos para pastar bem longe. 
Deja vú na descida da rampa.

Sobre a tomada da bastilha do teto do Congresso Nacional. Ocorreu pelo lado direito (STF e Itamaraty) e parece ter sido iniciada pelos mesmos garotos que tentaram criar confusão dentro do espelho d'água. Um jornal classificou eles de punks e skatistas. Eu ri. Conheço alguns dos meninos que estavam lá. Posso garantir que estão entre os melhores alunos de um dos melhores colégios da cidade. A polícia a princípio tentou impedir, mas... digamos que ela não se empenhou vigorosamente nisso. Ainda bem! A garotada subiu e fez a festa. Cantaram Legião. Cantaram o Hino Nacional! Deu orgulho de ver. A essa altura estava do lado esquerdo, no alto do gramado tirando mais fotos e pensava... E agora?
Parte da segurança da casa estava preocupada pois a festa na laje estava fazendo tremer bastante o teto do congresso e a chance de acontecer um acidente era grande. Imagino que houve algum tipo de negociação com os seguranças que estavam lá em cima, pois em seguida começaram a descer a rampa. Senti calafrios, já tinha visto aquela imagem antes. Ou melhor, já tinha vivido aquilo antes. Um senhor mais velho ao meu lado recordou-se das Diretas já. Cada geração com seu momento, sua passeata. 
5, 7 ou 10 mil... as estimativas divergem. Só sei que é difícil juntar tantos!

Resolvi ir embora, nada que acontecesse depois daquele momento poderia ser mais significativo. Fazia tempo que não via tanta gente boa, bonita e honesta no Congresso Nacional. Isso costuma ser um mau augúrio para os poderosos. A aula de cidadania básica já havia sido dada pra baby one. Sim, levei ela pra seu batismo de rua. Não basta ser mãe... 
Filha de cara pintada, cara pintadinha é. 



4 comentários:

  1. Aqui em POA a manifestação começou pacífica mas terminou mal,eu não fui mas minha filha de 18 anos foi e,sinceramente,fiquei com meu coraçãozinho de mãe apertado ontem..o que tinha de bandidagem no meio dos jovens,infiltrados,é de se ter medo mesmo,e eram essas criaturas que estavam ateando fogo e pichando monumentos,não a juventude,que ainda tem esperanças de fazer a diferença num futuro próximo..

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    1. Sim, tive notícias de que alguns vândalos apelaram em POA. No Rio também. São uma minoria, uns agitadores infiltrados só para criar confusão. É preciso ficar longe deles mas não longe das ruas.

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  2. Foi a coisa mais linda de se ver na internet!
    Sério. Lindo!

    Kisu!

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    1. Foi lindo mesmo... todos pedindo a prisão do Dirceu e dos outros mensaleiros!

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Falaê...

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