terça-feira, 7 de maio de 2013

Biblioteca Nacional (BNB) - Brasilianas 2

O grande vazio nacional  - mais um caixote soviético by Niemeyer.
“A Biblioteca Demonstrativa* é um patrimônio da capital. Em todo esse tempo ela continua presente na vida das pessoas. Aí em Brasília, não conheço outra a não ser ela, porque a Biblioteca Nacional, na Esplanada, não é real”.
Muniz Sodré, presidente da Biblioteca Nacional, 2010.



Ontem arrumei um tempo e consegui (finalmente!) levar baby one para conhecer a Biblioteca Nacional de Brasília. Aff. A trouxa aqui (eu) só falava dela pra filhota... fazendo mil propagandas, dizendo que era isso & aquilo. Estou tentando comprar a simpatia dela para com a capital. E o único modo é provar que é uma cidade culta, cheia de livrarias, bibliotecas, enfim... de livros! Só que nunca tinha ido lá pra conferir. Aff X mil. Fomos no fim da tarde correndo, só para conhecer e nos cadastrar. Era o que pretendia.... 
Conhecem aquele ditado não julgue o livro pela capa?
Poizé, caríssimos. 
Não julgue uma biblioteca só por ela ter o nome de... biblioteca!
O mastodonte soviético projetado por Niemeyer (quem mais?) foi inaugurado em 2006 e reinaugurado em 2008. Obviamente houve problemas com a inadequação do caixote à sua função. Algo desconhecido do arquiteto, claro, como por exemplo o sol inclemente e o calor desértico que não foram levados em consideração no tocante à conservação dos livros. Isso acabou gerando a necessidade de uma reforma antes mesmo de ser aberto ao distinto público (ou seja mais dinheiro!) pra se colocar ar condicionado e películas nos vidros para que ninguém morresse naquele mausoléu. Como sempre mais uma obra do genial arquiteto das retas e curvas de uma nota só que tem o hábito de não pensar na necessidade ou utilidade do que está fazendo. Quem mora ou trabalha num edifício projetado por ele sabe do que estou falando. Tente criticar Niemeyer e será crucificado mais rápido do que se fizer o mesmo com... Jesus. E a suposta monstruosidade biblioteca custou... módicos quantos milhões mesmo?  Estou procurando desde ontem o valor na internet e não achei. Não que isso interesse... não é? Afinal sou uma mera pagadora de impostos. Impostos esses que foram usados pra construir esse bicho horrendo!
Se ainda tivesse livros lá dentro... relevaria sua feiura. 

Todos o livros que consegui ver na biblioteca ontem, dia 6 de maio de 2013.

Há um texto interessante do professor Antonio Miranda acerca da construção da dita, chama-se do pesadelo ao sonho.  Vivi o contrário... do sonho ao pesadelo! É muito querer que uma biblioteca tivesse livros? Claro que não imaginava nem esperava algo do porte da biblioteca do congresso americano (Washington-DC), mas... é muito pedir que o local tivesse disponível ao público mais livros do que a estante do quarto da minha filha? 
Tudo culpa minha, claro. Porque acho - santa ingenuidade! - que uma biblioteca deveria ter... L I V R O S! E uma biblioteca que pretensamente se nomeia como Nacional, deveria ser referência e motivo de orgulho para todos nós, brasileiros. 
Há uma notícia dizendo que livros novos finalmente serão comprados. O que me intriga é que o diretor Yuri Barquette  diz existir no acervo cerca de 50 mil livros, e destes 20 mil estariam já catalogados e 30 em processo de catalogação. A matéria é de janeiro deste ano, 2013. Cadê esses 20 mil que já estão catalogados?!? 

Por que eles não podem se emprestados?
Perguntei e a resposta do funcionário foi: não pode.
Por que eles não podem ser consultados?
Perguntei e a resposta do funcionário foi: não pode.
Por que eles não podem ser vistos?
Perguntei e a resposta do funcionário foi: não pode.

NÃO PODE PORQUE NÃO PODE!


Entre estupefata e decepcionada pergunte finalmente ao constrangido funcionário público:
Para que serve essa biblioteca?
Respondeu que ela é basicamente usada por concurseiros como espaço de estudos e por pessoas que querem usar o wi fi grátis. 
Ah...

Convicta da minha condição de trouxa fui, chegando em casa, conferir o site da própria. Talvez encontrasse lá informações e explicações sobre o que (não) vi. Cheguei a um local onde parecia estar a descrição da missão da biblioteca nacional. Pasmem!

A equipe ainda está diXcutindo qual a missão da biblioteca. Um dia qualquer, suponho que neste século ainda, depois de mil reuniões e algumas assembléias consultivas populares descubram - eureka! - e nos informem. Nós, os bobos acima mencionados como sendo a "comunidade". É tão difícil assim? Alguém me responde. É tão complicado assim "descobrir" o motivo da existência de uma biblioteca? 
Jura?!?

Corredores vazios. Vazios de gente. Vazios de livros. 
Há toda uma conversa - pra boi dormir -  sobre a biblioteca ser moderna, "híbrida", cuja função é a inclusão social e digital... e ter seu acervo disponibilizado na internet. Uau, que legal. Pena que toda vez que escuto as palavrinhas inclusão + social me arrepio... costuma ser desculpa para algo grandiosamente mal feito, mal pensado e pior executado.  Não importa se a biblioteca até hoje não é uma biblioteca! O que interessa é que ela visa a inclusão social digital. Só não sei quem está achando isso moderno. Quem vai lá de novo a não ser os concurseiros para aproveitar o ar condicionado da sala de estudo? Atente-se que esses não encontram lá livros - reais ou digitalizados - para estudar. Precisam acessar outras fontes de consultas. Quem vai lá a não ser os que querem usar o wi-fi free? Não sei ainda quem.
Mas se o acervo está disponível na internet para quê aquele prédio enorme? Tem coisas que não fazem sentido. Tem explicações que não fecham. Fui consultar a tal plataforma da biblioteca para ver ser funcionava - é sou dessas: chata de galochas! - e tentei o brasileiríssimo Inocência. Inocência de Taunay. Nada. Tentei na pesquisa avançada. Nada. Dúvida... eles não tem no seu acervo esse livro? Ou ainda está em processo de catalogação? Ou ainda está sendo digitalizado? Ou... para quê raios serve mesmo essa tal de biblioteca híbrida? Que muuuuuuuuuuuuuuuuudernidade toda é essa que não estou vendo? Ainda que tivesse todo seu acervo digitalizado e disponível na web, ainda que estivesse com sua plataforma de consultas funcionando perfeitamente... ainda assim uma biblioteca tem que ter seus livros reais, aqueles feitos de papel e tinta, disponíveis para seres antiquados que como eu... gostam de ler, tocar e sentir os livros na palma da mão. 

Respondam-me:
Se era só para isso por que se construir aquele mastodonte na esplanada?
De que serve uma biblioteca sem livros? 
Uma biblioteca sem livros é uma biblioteca?
Uma biblioteca com supostos livros (talvez estejam escondidos em algum lugar) que não podem ser vistos, lidos, consultados ou emprestados... é uma biblioteca?
O que é aquele monumento na esplanada?
O que é aquele prédio no tal conjunto cultural da república? 
Um grande VAZIO nacional.
O grande VAZIO cultural nacional.
Uma ode ao nada. Um monumento à des-cultura e des-educação de um governo que é só capa, que não tem conteúdo. Um espelho do jeito petista de ser e desprezar o brasileiro que pensa, que estuda, que busca se aculturar. Um perfeito exemplo da incompetência no trato da cultura e educação nacional. Mais uma aula de como se jogar dinheiro público fora e ainda assim... posar de grande empreendedor e incentivador da cultura. 

Senti vergonha. Muita vergonha! 

Ainda assim continuarei a visitar o local. Devo ter um quê de masoquista, só pode. Toda vez que tiver uma visita irei lá mostrar aquele absurdo brasiliense. Sou uma grande guia de turismo amadora, adoroooooooo mostrar a capital federal a todos os amigos que não a conhecem.  E ainda que tudo isso me revire o estômago acho que é pedagógico pra todo e qualquer brasileiro ir conhecer o lugar. E chegar junto ao funcionário de plantão e fazer todas essas perguntas que elenquei acima. 
Aquela obra ao NADA me lembra em que tipo de país vivo hoje. Aquele dinheiro público jogado fora não me deixa esquecer quem está dirigindo - mal - o Brasil nos últimos anos. Pode haver algo mais acintoso e emblemático de uma era do que uma biblioteca sem livros?

As cuecas petistas e o escritório - riquíssimo - do comunista Niemeyer agradecem por mais essa obra de não utilidade pública. Brasil, um país de bobos. 
Tem hora que me canso deçepaíz!

* Para quem não conhece, a Biblioteca Demonstrativa de Brasília é a antiga biblioteca da cidade, funciona, é real e muito usada por toda população. Ela tem o exótico costume de ter livros. Imagina só que coisa velha?

6 comentários:

  1. Gê,

    Um país com tantos problemas estruturais e sociais tem o direito de gastar uma nota em um mastodonte destes? Veja que não é nem o caso de corrupção, mas de emprego do recurso público. Aquela biblioteca custou alguns hospitais, escolas e até mesmo bibliotecas decentes (pois evidente que custou mais do que uma biblioteca). Pode um povo sofrido bancar com o dinheiro do seu imposto uma absurdo destes? Enquanto isso, Brasília continua sem um transporte público, uma necessidade bem urgente da população que não tem dois carros na garagem e muito menos dinheiro para pagar a gasolina. Uma verdadeira tragédia!

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    Respostas
    1. Bem, já que está construída o caso agora é lotar ela de livros e botar pra funcionar. Menos pior do que os mega estádios de futebol pra copa!
      Toda hora que vejo aquele estádio megalomaníaco tomando forma - o ex-manégarrincha - me lembro do Colisseu de Roma e de Nero. Não sei porque...

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    2. Transporte público em Brasília - TENHO PENA!
      Cada dia pior!!!

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  2. Em tempo, sou frequentador da Biblioteca Demonstrativa e vários livros que foram meus podem ser encontrados por lá. E sim, lá tem Inocência!

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  3. Oi Gê, eu acho que toda cidade tem uma grande biblioteca pública. Logo, ela teria que ser construída, não importa o autor do projeto arquitetônico, que aliás, ao que me parece, foi escolhido através de licitação ou concurso público, não me recordo ao certo.
    Eu acho que o trabalho de Niemayer como arquiteto nada tem a ver com a ideologia que ele defendia. Vc poderia citar suas críticas se fazer menção a isso e ainda assim estar correta.
    E se o prédio está vazio atualmente é porque a atual gestão não investe em educação e cultura. Niemeyer não tem nada com isso, coitado! A Biblioteca Nacional do Rj pertence ao ministério da cultura, cujo orçamento é uma vergonha! Não sei a de vcs, mas imagino que deve padecer por culpa do governo e não do seu arquiteto.

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