segunda-feira, 22 de abril de 2013

Retórica e razão.

Um brinde ao discurso vazio e vitorioso.
Cogitando:
- O.K.! Digamos que você está defendendo o chocolate e eu baunilha. Agora, se eu te dissesse  que baunilha é o melhor sabor de sorvete, você diria…?
- Não, é o chocolate.
- Exatamente, mas você não pode ganhar desse argumento. Então eu pergunto: então você acha que chocolate o melhor dos melhores sorvetes, não é?
- É o melhor sorvete; eu não pediria nenhum outro.
- Oh. Então para você só há o chocolate?
- Sim, chocolate é tudo que eu preciso.
- Bem, eu preciso de mais do que chocolate. E por falar nisso, eu preciso de mais que baunilha. Eu acredito que nós devemos ter liberdade e escolha quando o assunto é nosso sorvete, e isso é a definição de liberdade.
- Mas não é disso que estamos falando.
- Ah, mas é disso que eu estou falando.
- Mas… Você não provou que baunilha é o melhor.
- Eu não precisei. Eu provei que você está errado e, se você está errado, eu estou certo.
O dono da verdade” funciona exatamente assim, não acrescenta nada a discussão. Apenas impede o outro de falar qualquer coisa. Inclusive, aquele que profere esse tipo de argumento cai naquilo que, justamente, acusa o outro de fazer: se fechar completamente ao diálogo. Uma vez que suas posições são, independente da argumentação alheia,  sólidas e corretas. Geralmente impostas num tom de voz alto e imperativo buscando intimidar o outro. Jamais compreenderei os motivos que levam alguém a invocar esse tipo de estratégia. É retórica vazia. É ridículo. É tacanho. É tão comum...
Quando entro em uma discussão tenho uma motivação, não acredito na neutralidade e sim na educação e no respeito à diversidade. Claro que nem sempre essa motivação é o convencimento. Na verdade, raramente é. Não acredito em convencer ninguém de nada, acho que pessoas se convencem do que querem e pronto. Não foram poucas as vezes que me envolvi em uma conversa por curiosidade ou até desinformação, sempre esperando a mesma disposição do lado oposto: uma troca de idéias. Afinal, no fim, isso parece ser tudo uma grande brincadeira. Só que uma brincadeira que gera consequências. Será mesmo uma brincadeira?
O silêncio é tão mais proveitoso quando estamos sem disposição para o embate. Nada perdemos em nos calar diante de um comentário absolutamente infundado, absurdo ou truculento. Num debate importam tanto a forma quanto o conteúdo. Quão grande é nosso ego a ponto de não percebermos nossa própria ignorância de vez em quando? Cala-te boca, Magda!

Cadê a razão? A evolução? O aprendizado? 




2 comentários:

  1. Eu penso que os "donos da verdade" não nos convencem também, mas acho que eventualmente eles nos ganham no cansaço. E você explicou isso tão bem quando disse que o dono da verdade não provou nada, porque afinal, quem precisa ter razão quando tem uma boa dose de "retórica vazia", né? Por isso muitas vezes acaba sendo melhor o silêncio...

    ResponderExcluir
  2. Então, eu sou um pouco fechada nas minhas verdades. Dependendo do assunto ( o mais atual é o tal pr. Marcos feliciano), não existe nada que me digam que seja capaz de mudar o meu entendimento. Aliás, eu nem ouço se alguém sai em defesa do que quer que seja.
    Confesso que preciso melhorar nisso para trabalhar o meu caráter.
    Mas em discussões isso nem me afeta tanto... O que me afeta é vc estar falando que não concorda com a pena de morte dai alguém chega e diz "Então leva pra sua casa!". Ou então, "porque você é boba, chata e feia!". Gosto das boas discussões. Gosto do debate acalorado. Não gosto quando o argumento recai sobre a pessoacom quem se discute e não sobre o fato discutido. Aí, perde o meu respeito.

    ResponderExcluir

Falaê...

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...