quinta-feira, 18 de abril de 2013

O bem, o bom e o bonito ou... ah, essa merda da beleza!

- Tudo beleza?
 - Jóia!

Outro dia li algumas considerações de um francês (o outro Olivier) que está morando faz pouco mais de um ano na terra brasilis. Detalhe: em Belô! Ele acha que está falando português, mas está aprendendo mineirês na veia. É sempre interessante ver-nos através de outros olhos. Em determinado momento ele fala sobre essa forma surreal de cumprimentar alguém. Ri muito. Palavras dele: 

"Aqui no Brasil, quando encontrar com uma pessoa, se fala: “Beleza?” e a resposta pode ser “Jóia”. Traduzindo numa outra língua, parece que faz pouco sentido, ou parece um dialogo entre o Dalai-Lama e um discípulo dele. Por exemplo em inglês: “The beauty? - The joy”. Como se fosse um duelo filosófico de conceitos abstratos."

É ou não o máximo essa observação?  
Pausa para rir das nossas pequenas mas tãooooooooo nossas brasilidades, kkkkkkkkkkkkkkk.  
Adorei! Para quem conhece e sabe o valor que um francês dá para o seu "bonjour!" realmente é de se estranhar esse papo cabeça brasileiro, rs. Imagina o coitado tentando entender um papo de surfista. É sou da geração em que o máximo da desconstrução discursiva vinha das praias... hoje tem coisa bem mais estranha. Deixa isso pra lá que o ponto do post é outro.
Brasileiro tem disso mesmo... mistura conceitos de beleza, bom e bem. O "tudo beleza" ali de cima soa para nós tanto como "tudo bem" quanto como "tudo bom". Seria pq para gente quando algo está bem bom é sinal que está bonito? Ou pq o que está bem é bom e também bonito? Ou para um bem ser bom é preciso ser também bonito? A beleza é boa? A beleza é um bem? E onde entra a droga dessa jóia nessa equação surreal? A beleza que é (ou não) um bem e é boa além de tudo precisa ser jóia? Beleza rara, beleza cara, beleza passível de ser classificada, quantificada, qualificada... beleza em quilates?
Tá, poderia ficar horas enrolando aqui fazendo essas montagens bestas com bem-bom-bonito. É divertido e se bobear sai rima pobre e poesia barata. Com algumas citações poderia até enganar um ou outro me fazendo passar por algum tipo de master-blaster-ultra-mega phodástica filósofa pós apocatiptica. Mas o ponto também não é esse.

Ah, essa merda da beleza!
(se ninguém cunhou essa frase ainda... agora é minha, créditos please!)


Tem alguns dias que um certo comercial (acima) da Dove - empresa de.... beleza - tem circulado pelo Facebrooklyn. Sites do porte (auauauaua - olha o merchan) da Petiscos e da Chic compartilharam e aplaudiram. É, eu leio a Júlia Petit e o Chic - sou fútil também. Mas não espalhem por aí, tenho medo de ser apedrejada. Vi e achei bonitinhooooooooooo - own o comercial, mas não prestei maior atenção. Não costumo me prender em comerciais, o fato é esse.
Eis que... hoje zamiga vem e posta um belo texto cheio de considerações sobre o dito comercial - que aparentemente está emocionando o mulherio mundo afora. Belo (rs) texto da Little drops sobre o tema... leiam aqui. Quem tiver problemas com o inglês use o bom (rs) google translater que dá para pegar bem (rs) o sentido da coisa. Como estava no intervalo do cursinho (tô me justificando pra quem???) e na fila pra pegar xerox (nada muda!) fui ler e não resisti: comentei e compartilhei - rapidinho:

" Gostei da parte que cita Winnie, the Pooh: " você é mais corajoso do que você acredita, mais forte do que parece, e mais esperto do que você pensa?" E o acréscimo pra o "público feminino": "e duas vezes tão bonita como você nunca imaginou". Essa última parte é geralmente escrito no texto maior, ou em itálico para dar ênfase. Realmente... a mulher pode (e é) forte, esperta, corajosa (e tudo o mais que vc quiser acrescentar) MAS se não for ou não se sentir bonita de nada adianta. A beleza (ou a falta dela) é um fardo já que muita gente não se considera feliz ou realizada se não for "bonita". Pior: se não for bonita dentro do padrão de beleza convencionado. Isso - infelizmente - está arraigado no inconsciente coletivo feminino... não é fácil mudar. Tanto que até mesmo uma propaganda dita "libertadora" por uma empresa que "prega a aceitação das belezas diversas - a real beleza" cai nessa armadilha. Pensando bem... é uma propaganda, de uma empresa que vende produtos "de beleza". Queriam o quê? Dentro do que temos do mercado a Dove (e suas campanhas) pode ser considerada quase "feminista". Só que não existem empresas feministas... empresas existem para vender algo. No caso dela cremes e sabonetes... terem se dado conta que seu público alvo é maior do que o ideal de beleza imposto foi seu pulo de mestre. Sem exageros... é uma propaganda (visa convencer alguém a comprar algo) e dentro do esperado foi bem feita, apesar de tudooooo. Gostei do ponto de vista da autora, especialmente quando ela diz que: "O que você parece não deve afetar as escolhas que você faz.." e que não devemos deixar algo tão fútil, volúvel e trivial (o padrão de beleza) definir nossa felicidade pessoal. Bingo! Concordo plenamente que "somos mais bonitos do que pensamos" (base da propaganda) e mais ainda: "somos muito MAIS do que bonitos" (tese da autora). É isso. Vou parar antes que esse coment vire tese também, rs. 
Para quem não lê em inglês: google tradutor resolve o caso."

Só agora vi os erros de portuga. Shit! Caraca, como escrevo mal... putz.
Mas o tema ficou pegando... e resolvi ir em frente, para articular melhor o que acho de tudo isso. Caí na armadilha da beleza - literalmente.
Vamos lá, galera do bem (seremos?)... 
O que é bem?  O que é bom?  E o que é beleza?
Antes de tudo o pai do burros diz que:
- Bem é algo bom (ups!) ou de acordo com a moral, uma virtude, felicidade, utilidade, benefício. Chama-se de meu bem a(o) namorada(o), em direito refere-se a propriedade, herança ou coisa de valor... 
- Bom é algo (ou alguém) bondoso, benevolente, caridoso, clemente, caritativo, humano, generoso, indulgente, um quase-bobo para o mundo atual...
- Beleza é qualidade do que é belo, agradável, admirável, formoso e por algum motivo... rima com magreza.
Então a beleza pode ser um bom bem a ser almejado. Pode ou não? Pode sim. Para muitos não só pode como é. Tanto que grande parte da humanidade busca a beleza sem parar. Seja boa essa busca ou não. Faça bem essa busca ou não. Como diria o poetinha (machista ou realista?)... "que me perdoem as feias, mas beleza é fundamental". Fundamental para quem, Vinícios? Fundamental para quê?

Ah, essa merda da beleza! 

"Você é mais corajoso do que acredita, mais forte do que parece , mais  esperto do que pensa." - Winnie, the Pooh.  Grande frase, genial ensinamento para as crianças - de ambos os sexos. Daí chega alguém e complementa: E duas vezes mais bonita do que imagina! Precisava? Me diz: pre ci sa va? 
Se respondeu não é porque acredita (como eu) que não precisa ser bonita(o) para ser bom e viver bem.
Se respondeu sim é porque sabe (como eu) que mesmo não precisando ser bonita(o) para ser bom e viver bem... queremos ser admirados. Não estou querendo ser mais realista que o rei. É só constatação dos fatos. The realfucklife. Não adianta nada ler trocentos manuais feministas e debater-se contra "tudoqueestáaí". Assista aquele filminho O diabo veste Prada... e tire suas próprias conclusões. A beleza é um bem em si mesmo. A beleza facilita a vida (de quem é belo). A beleza vende. A beleza é uma merda. Mas uma merda altamente valorizada. E não há como fugir disso. Isso é... ao menos que você esteja disposto a virar um monge ermitão lá no Himalaia. Existe padrão de beleza no Himalaia? Ermitões são julgados por sua beleza? A beleza vai te perseguir até mesmo enquanto medita congelando a bunda numa maldita montanha do outro lado do mundo. Sem querer botar mais lenha na fogueira... acho monges que meditam no himalaia um ideal de beleza humano. 

A questão da beleza vai te perseguir em qualquer lugar. Não porque os outros julguem (e eles julgam) mas porque está dentro de você. Você se julga e também julga os outros dentro de um padrão pessoal de beleza, que pode ou não ser o mesmo da sociedade. Mas que é um padrão de beleza! Por exemplo... tem quem ache que os olhos violetas da Elizabeth Taylor os mais lindos que já existiram. Tem gente que nem sabe quem é Elizabeth Taylor (procure no google). Para outros um olho castanho esfumaçado como o da Penélope Cruz é o mais belo. Penélope Cruz!!! Dá pra ser feliz num mundo onde competimos com a beleza de uma Penélope? Ou de uma Angelina Jolie ou de uma  Thaís Araújo ou de uma Waris Dirie? Die Penélpe, die (sentiram a inveja?)!!! Pouco importa qual o seu padrão de beleza ideal... o fato é que você tem um (por mais amplo que seja) e julga através dele. Isso é injusto. Pessoas são injustas. O mundo é injusto. Eureka!
A beleza é um bem comercializável. Estão aí trocentas de empresas vivendo de... beleza. Até mesmo quem não vive de vender beleza já sacou que beleza vende. 
Uma verdade sobre empresas: elas existem para vender algo e ponto final. Empresas não tem compromissos com ideiais ou ideias. Empresas visam retorno monetário = lucro. Ainda bem!!! Gosto de empresas, prefiro elas a qualquer governo de qualquer país. 
Veja bem. 
Você pode escolher se associar ou não àquela empresa? Sim. 
Você pode optar por assinar o famoso "contrato social" de Rosseau com seu país? Nãooooooooooo! 
Você pode escolher se trabalha (ou quer trabalhar) naquela empresa ou não. 
Você não pode optar se trabalha ou não para o governo do seu país. 
Ah, você acha que não trabalha para o governo? Fale-me mais sobre isso depois de pagar mais de quarenta por cento do seu suor em imposto de renda. Todos trabalhamos para o governo, queiramos ou não, a diferença é que alguns tem estabilidade no emprego e outros... não. 
Você pode escolher entre comprar ou não o produto vendido por uma empresa. 
Você não pode optar diante de um serviço ou produto (caso dos monopólios estatais) prestado exclusivamente pelo governo. 
Em última instância um cidadão é um tipo de escravo do governo (bela sacada, Jr!). 
Enquanto consumidor de um produto tenho mais liberdade de escolha diante de uma empresa do que como contribuinte. Como acionista posso ter algum poder nas decisões de uma empresa. Como cidadão... posso mesmo fazer o quê? Ah, pagar impostos que serão mal empregados (você não verá retorno do seu investimento caro contribuinte) e votar "limpo". Juro que ainda não peguei o "espírito" dessa propaganda do TSE. Minha parca inteligência não chegou lá... 
Voltando para as muy lucrativas empresas do ramo beauty e em especial pra a marca DOVE... A grande sacada dela foi descobrir - fiat lux - que nem todas suas consumidoras estão dentro do dito "padrão de beleza" imposto pela moda vigente. UAU! Que sacada de gênio. Parabéns para equipe de marketing.  Isso gerou dezenas de propagandas (até legais) em que se martela sobre o mesmo tema: a beleza real da mulher real. Vamos ampliar o conceito de beleza. Vamos dizer que todaaaaaaaaaaaaaaaaaaas  são lindas do seu jeito. Vamos dizer que são mais lindas do que pensam. Vamos fazer elas - mulheres - se emocionarem. Vamos vender muitoooooooooooooooo! 
Onde posso comprar ações da Unilever - dona da Dove? Cara, isso que é inteligência, o resto é propaganda enganosa. 
Quando disse que não presto muita atenção à propagandas é porque não presto mesmo. Elas não me interessam. Tá, algumas conseguem prender minha atenção mais do que alguns programas de tevê. Mas convenhamos que tem muito diretor criativo de agência de propaganda (ou marketeiro) dando banho em escritor de novela nacional. É preciso reconhecer o valor deles. O João Santana por exemplo... vende qualquer coisa. Até o Lula. Até a Dilma!!! No momento o PT está analisando um comercial (propaganda política é comercial) sobre combate à corrupção no país. Atenção humoristas, vou repetir. O petê está fazendo um comercial de combate à corrupção nacional. É ou não é uma sacada de mestre? Choro (mesmo) de rir com a capacidade de usar perobain oil  deles. Sendo sincera: aplausos para o João Santana. Dá para se preocupar com campanha de be-le-za made in Dove numa hora dessas? Por isso não presto atenção. Sorry.
Como consegui chegar aqui? Mixar política e beleza? Isso não dá certo, deve ser algum defeito de fábrica meu, só pode... É impossível coordenar numa mesma frase política nacional e conceitos de bem, bom e beleza. Principalmente se pensarmos nas musas do momento: Dilma, Erenice, Rose do Lula, Cristina K et caverna.  
Eu julgo. Já disse antes e repito: I'm the evil.
Veja bem, não é do meu feito buscar fio de cabelo em cabeça de ovo. Não me interessa se a propaganda da Dove é perfeita e adequadamente correta dentro de um conceito de beleza real. Se existe um percentual maior ou menor de branca-preta-mulata-ruiva-asiática-velha-nova-gorda-magra-nariguda... esqueci algo?... no vídeo. 
Se for assim, gritarei: E as albinas?!? Cadê a representação da beleza albina? A loucura da pessoa vai mais ou menos por aí... te confesso. 
A aparência de uma pessoa não pode (ou não deve) definir o quão ela é feliz ela é. Beleza não traz felicidade. Se engana quem acredita no contrário. E se engana porque quer. Não venha acusar uma propaganda de ter feito crer que por usar o creme-perfume-sabonete X você será mais bonita e portanto... mais realizada, plena, perfeita e feliz. 
Dá uma parada e pensa. Você realmente acha isso possível? Sua felicidade pessoal pode ser medida diante de um espelho? Se for assim... mude-se para um parque de diversões e faça da casa dos espelhos seu quarto. Agora, não venha querer me enrolar com esse papo politicamente besta correto de que não se importa com a beleza, sua ou alheia. Importa sim! Preocupa-se sim! Quer ser bonita sim! Não é tão difícil admitir. O problema não está na beleza ou num determinado padrão de beleza . Está em super valorizar esse bem (é um bem) que é a beleza exterior. Ninguém aqui tem nada contra a beleza interior (ser bom) não é? Ufa, ainda bem... O importante é isso, saber que somos bonitos (mais do que imaginamos... como diz a propaganda) e que somos muito mais do que bonitos. A beleza pode até nos qualificar mas não deve nos definir. Beleza é não é o principal, mas faz parte. Somos mais do que nosso reflexo. Somos mais! Somos melhores do que qualquer produto. 
Vou repetir pra ver se alguém pega a mensagem: SOMOS MAIS DO QUE BELEZA.
Isso não significa que o banho, o asseio pessoal, a vaidade ou o amor-próprio devam ser abolidos. Ok? Usar uma maquiagem, passar um perfume e se arrumar não farão de você uma pessoa pior ou melhor. Mas provavelmente te fará uma pessoa mais agradável de conviver. Droga! E não é que o poeta tinha alguma razão... 
Tudo beleza? Deu pra entender?
Resumindo minha ópera bufa tese tragicômica... só posso dizer:
Ah, isso debater beleza é uma merda! 
Principalmente quando me dou conta de que... Não sou acionista da Dove. E que há Imposto de Renda. Mundo cruel. Shit!

2 comentários:

Falaê...

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