segunda-feira, 22 de abril de 2013

O aniversário de Brasília

Tem que deteste essa cidade. Sem problema... continuem detestando, não faz diferença nenhuma pra mim.  Meu amor pela capital é auto suficiente, não preciso da aprovação alheia. Mesmo porque não acredito em quem ame tudo e todos. Não posso nem quero obrigar ninguém a gostar de algo, só porque gosto. Disse gosto? Mentira. Amo mesmo! Meu amor de fases... Brasília tem fases coloridas dentro de mim, como se fosse uma picasso urbana. Cada uma delas é única. 
Brasília Vermelha.
Minha primeira lembrança da capital não é das mais agradáveis. Meu dedo ficou preso na porta do carro. Meu dedinhozinho. Sim, meu dedo ficou preso na porta do carro quando estávamos visitando a Catedral Nacional, aquela com os anjos pendurados no teto de vidro azul.. Não quebrou, mas ficou vermelhão e doeu pra dedéu. Nada que não fosse superado com um beijinho de mãe. Era bem pequena isso aconteceu. Era a primeira vez na cidade, devia ter algo entre 3 e 5 anos. E lembro de tudoooooooooo - especialmente do dedo amassado - acreditem ou não. Ficamos na casa de uns primos dos meus pais. Um apartamento imenso para os meus olhos infantis, pensei até que dava para andar de bicicleta ali dentro. Hoje imagino que talvez não fosse tão grande assim, mas... na época impressionou. Tudo me causou impressão pela imensidão... terra muita terra. Vermelha, terra vermelha pra todo lado. A grama ainda não tinha pegado e as árvores eram só mudas. Brasília era vermelha. E apesar do dedo preso adorei aquele espaço sem fim para correr, uma sensação de felicidade pueril só hoje posso identificar como sendo... liberdade.
Brasília era meu grande parquinho de terra vermelha.

Brasília Verde.
Estava no ônibus, chegando na capital para morar nela pela primeira vez. Vinha sozinha de Belô. Lembro de um senhor sentando ao meu lado que riu da minha constatação primária: Brasília é verde! É, falei em alto e bom som... Brasília é verde, rs.  Estava em choque, minha memória insistia... dizia: é vermelha... mas tinha mudado, tudo tinha mudado e se transformado... era tudo grama, mato, árvores e flores. A cidade tinha virado um jardim. Foi nele que desabrochei. Que passei os bons anos da faculdade... que fiz estágios... que fiz amigos... que andei pra cima e pra baixo. Andei, como andei! Não tinha carro e andar de ônibus era um inferno, demora mais tempo no ponto esperando ele passar do que se fosse a pé para onde precisava. Então ia andando. De casa pra faculdade, da faculdade pra casa e de lá pro estágio. Onde hoje tem a biblioteca e o museu (lado sul da explanada... logo depois da rodoviária) era um matão cheio de mendigos. A pessoa sem noção passava todo dia ali, no meio deles para ir para o estágio. E dava boa tarde e sorria e dava bala pras crianças... anos depois colocaram uma escola de circo ali, e eu continuava passando e dando  oies pra todos. Toda fantasiada de "doutora" andando por Brasília em cima de (hoje) impensáveis saltos altos, carregando livros e processos. Ah, depois do estágio... faculdade de novo. Mas aí apelava pra carona, porque já tava cansada. Salve salve os amigos "riquinhos" que tinham carro. Salve salve os professores que nos davam caronas... podiam ser super ministros mas tinham coração e lotavam o carro de alunos-estagiários na saída do tribunal. Mesmo porque...  caso não nos levassem, íamos chegar atrasados pra aula deles! Bons tempos... estraguei muito sapato andando pela cidade. Brasília verde brocada de ipês coloridos: rosas, amarelos, roxos. Brasília linda de se caminhar. Brasília sem medo de ser feliz.
Brasília foi meu jardim modernoso.

Brasília Azul.
Claro que o céu da capital é um capítulo a parte. Não me lembro muito de ter ficado impressionada com ele quando criança... no tempo da Brasília vermelha. Mas já tinha sido fisgada na fase verdejante. É um céu sem igual e sem fim. Cada por do sol é um espetáculo de arte. Lembro-me da primeira vez que deu pane no carro e fiquei parada perto do setor hoteleiro norte, logo depois do Conjunto Nacional. A gasolina acabou, rs. A avoada aqui nem tinha prestado atenção nesse detalhe: colocar combustível no carro. Fiquei ali, parada, apreciando o por do sol divino na maior tranquilidade.... por alguns minutos esqueci que o carro estava "pifado"... esqueci dos problemas no serviço. Algum tempo depois apareceu um senhor gentil que descobriu - aleluia! - que o problema do carro era falta de gasolina. Que tonta! Quem se importa com a gasolina (ou com a falta dela) se tem um céu daqueles dando show só pra você. É, tenho esse problema... acho que o céu faz performances só pra mim... Teve alguém (não sei quem) que disse que o céu é o mar da capital. Perfeito. É isso aí.
Brasília é meu imenso aquário azul.
No momento um aquário meio sujinho, diga-se de passagem. A manutenção não anda lá grandes coisas e ando bastante triste de constatar que a cidade está jogada às traças, precisando de  carinho e cuidado.
Ontem ela fez aniversário, é agora uma senhora com 53 anos. Praticamente refiz meu trajeto casa-estágio... saí da asa norte e fui até a esplanada ver o show da Maria Gadú e os balões dançando no céu.
Sabe de uma coisa?  A Brasília vermelha ainda está aqui, assim como a verde e a azul. A única cor que essa cidade não tem no meu coração é o cinza-concreto do Niemeyer. Pode ser implicância minha - e é - mas...  Ele não tinha outra cor no seu estojo de lápis, não?
Amo essa cidade!

4 comentários:

  1. ...traigo
    ecos
    de
    la
    tarde
    callada
    en
    la
    mano
    y
    una
    vela
    de
    mi
    corazón
    para
    invitarte
    y
    darte
    este
    alma
    que
    viene
    para
    compartir
    contigo
    tu
    bello
    blog
    con
    un
    ramillete
    de
    oro
    y
    claveles
    dentro...


    desde mis
    HORAS ROTAS
    Y AULA DE PAZ


    COMPARTIENDO ILUSION
    GE BOLOGNIANI



    CON saludos de la luna al
    reflejarse en el mar de la
    poesía...




    ESPERO SEAN DE VUESTRO AGRADO EL POST POETIZADO DE DJANGO, MASTER AND COMMANDER, LEYENDAS DE PASIÓN, BAILANDO CON LOBOS, THE ARTIST, TITANIC…

    José
    Ramón...


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  2. Brasília é uma cidade pela qual eu tenho um carinho enorme sem nunca ter estado nela. Quem sabe eu não estive por aí, quando ela ainda era vermelha, em alguma outra vida? :)
    E do jeito que você descreveu, só me fez gostar ainda mais!

    Beijos!

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  3. Nunca fui a Brasília. Gosto dela só pelas fotos...
    Mas não sei se me acostumaria ao clima. Dizem que é seco. Não sei se é verdade! Por via das dúvidas, irei tirar a prova em breve!
    Sobre Niemeyer, eu acho que Brasília é mais Lúcio Costa do que Niemeyer! =)

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