Made in Peru (6)

O quadro da Santinha. Escola cusquenha. 

Na teoria esse seria o dia em que pegaríamos o avião rumo à Cusco. Yeah! Vivas!!! Passagens conferidas, malas arrumadas na noite anterior, tudo ok. Pedimos ao hotel para chamar um taxi de confiança, tudo ok. Fizemos check out naquela coisa oferecida pelo HU  (é o mesmo que indicam até hoje nos seus pacotes... cuidado!), tudo ok. Saímos com tempo suficiente para chegar no aeroporto laaaaaaaaaaaaaaaaaaaaá do outro lado de Lima. 

Justo nesse dia pegamos o único taxista (um japa educado) calmo da cidade. Tão calmo, mas tãoooooooooooooooooo calmo - quase um cágado - que nos deixou em frente ao terminal de embarque exatamente 15 minutos depois do check in do avião ter fechado. Pensa a raiva. Multiplica pela frustração. Eleva ao quadrado. Por 15 malditos minutos!!! Não adiantou chorar, pedir, implorar... nada funcionou, não embarcamos apesar de haver vaga (a nossa!) e faltar ainda uma hora inteira para o vôo sair. Para não piorar a situação - vibe terrível - resolvi acreditar que isso só poderia ser um boa coisa. Tive o descaramento de ficar imaginando que se tinha perdido aquele avião era por algum motivo bom, tipo assim... se o avião caísse, quem não estava lá? Ãh, ãh? Mas achei melhor ficar na minha. Afinal desejar ,ainda que indiretamente, a morte de todas aquelas pessoas não era exatamente uma solução para o caso. Não, não havia outro vôo naquele dia. Só no dia seguinte. Isso significa? Arrumar hotel para mais uma noite em Lima. Voltar pra espelunca do pacote do Hotel Urbano jamais! Ponto de honra. Nem preciso dizer que em menos de 2 minutos achamos um hotel (de primeira - Monte Real, recomendo) em Miraflores pelo mesmo preço daquela porquera!?! Hotel com cara-crachá de hotel. Coisa boa. Sei, sei, não tem remédio. Fazer o quê quando Murphy resolve tirar vacaciones com a gente?  Nessas horas a raaaaaaaaaaaaaaaaaaaaiva por ter caído no conto do vigário do HU só aumentou. Sejamos sinceros... Lima é agradável, mas quadro dias está de bom tamanho, cinco é exagero. Sem falar que o humor e astral na choooooooooooom nos impedia de ir atrás de qualquer tipo de passeio. 

Peleamos com o taxista da cooperativa do aeroporto e fomos para o novo hotel. Nem sei se a palavra "sorte" é apropriada ao caso... mas ainda bem que dessa vez pegamos um taxi de cooperativa, ou não. Ele nos deixou no hotel, mas... o quadro desejado-ansiado-escolhido com carinho e  que finalmente tinha comprado ficou "esquecido" no banco da frente, ao lado do motorista. Claro que o hijo de la madre não "viu"  aquele mega pacote do ladinho dele, né? E muito menos se dignou a ligar para o hotel (querer que ele voltasse lá era pedir muito!) para devolver o quadro da santinha. E no meio de todo stress... só fomos nos dar conta da falta dele no início da noite, quando voltamos para dormir. Ligamos algumas vezes - muitas! inclusive ameaçamos ir na polícia e chamar a embaixada brasileira - para o taxista e para a cooperativa. Nos enrolaram mil, mas no fim das contas o C@%$!#o  apareceu e devolveu nosso quadro, mas para isso tivemos que "pagar" a corrida. Bem, dos males o menor, se não fosse taxi de cooperativa provavelmente o quadro estaria perdido pra sempre. Sim, quando algo tem que dar errado... dá bem errado! Putz, nem sei como conseguimos aproveitar as férias com o Murphy colado na gente. Todo dia era uma coisa... Caso sério!

Bem, como só percebemos a falta do quadro de noite conseguimos pelo menos aproveitar o dia. Saímos do hotel caminhando. Maridex enfurecido por dar-se conta da alta qualidade do hotel com baixo preço, comparado com aquela meleca made in HU + Okviagens, resolveu entrar de hotel em hotel, hostel em hostel, de pousada em pousada pelo caminho afora comparando preços e qualidade de instalações. O homem tava invocado. Entrava para ver até os quartos! Quando ia entrar no quinto pedi para parar com a brincadeira. Sofrimento gratuito a troco de quê? Chega de ficar se martirizando. Fomos feitos de palhaços pelo HU (para quem chegou agora, a explicação está aqui e aqui). Lição aprendida. Agora era tocar o bonde pra frente.
[Todavia me reservo o direito de continuar fazendo #mimimi pq eles conseguiram estragar boa parte das minhas férias e  ainda levaram meu dinheiro. Que drogaaaaaaaaaaaaaaaaaaah! Não me conformo... aff.]

Brujas de Cachiche - imperdível.

Mapas são "meu" território, então decidi onde iríamos... Como não estávamos a fim de entrar em museus ou voltar ao centro ou fazer nada mais (além de nos sentirmos idiotas por termos perdido o avião), fomos passear por miraflores... pertinho do hotel passamos pela nossa embaixada (yeah!) e seguimos até uma rua que tinha visto no mapa, que por acaso é uma das variantes do meu sobrenome. Quem quiser procurar: Calle Bolognesi. É, fui lá só pra tirar fotinho da placa, falta do que fazer ponto com ponto br. Amoremio riu da minha bobagem, e assim fomos recuperando o humor. Vou te dizer, a rua é tudibom! Anjo da guarda voltou a trabalhar... seguindo por ela fomos dar de cara num dos melhores restaurantes da cidade: Brujas de Cachiche (leia catitih)! Melhor, no dia da promoção, 2X1, quarta e quinta - yeah!. Achamos que merecíamos aquele mimo diante de tantos dissabores. Caraca, juro... o restaurante é lindo, show, super phyno mas sem frescura...  a gente fez a linha tô nem aí e atacamos o bufê livre como se o mundo fosse acabar naquele dia. Só pratos típicos... uma maravilha. Fui provando um pouco de cada um, acho que me servi umas 4 vezes (as fotos são dos meus pratos #gulosa), fora o ataque à mesa de sobremesas. Não vou nem comentar quantos pratos amoremio fez...

Na Virrey em Miraflores.

Quer saber? Comida peruana é super saudável, fresca, bem feita, deliciosa. Nós dois parecíamos aqueles turistas que nunca viram churrasco no Porcão - Rio. E daí?
Sobre o famoso restaurante Astrid & Gastón do mil vezes afamado Gastón Acurio: faça reservas com bastante antecedência, senão.... vai acabar como nós, na vontade... só imaginando como deve ser bom. Apesar de não termos ido nele, não tem como reclamar nem da qualidade nem do preço da comida peruana. Como disse antes, qualquer restaurante meia boca já serve comida de primeira. Então... no stress. Claro que podendo $$$, não deixe de ir nos reconhecidos: Astrid & Gastón, La mar, La Rosa Náutica, Brujas de Cachiche (quarta e quinta tem promo), Punto Blu, Huaca Puclana (ao lado da ruína com mesmo nome) e Pescados Capitales.
Ao lado do restaurante encontramos uma livraria grande, linda, charmosa chamada El Virrey... compramos presentes pras filhotas e para nós. É sempre bom manter o español em dia, especialmente lendo Vargas Llosa - a prata da casa.
Depois de comermos como peões só nos restava ir para o malecón caminhar, caminhar... pra fazer o quilo! Andamos todo malecón, apreciamos o povo saltando de parapente. Morri de vontade, mas não seria daquela vez. Pena. No final chegamos perto do que seria o Conselho Federal de Medicina deles, e até cansamos de apreciar o Pacífico, rs... mentira. Demos com uma Igreja, entramos para rezar. Pedi fervorosamente para não ter mais nenhuma mala suerte  durante a viagem. Convenhamos, a cota já estava cheia. Caminhamos, caminhamos... dá pra dizer que conhecemos o bairro de alto a baixo. Rua por rua. Voltamos pro hotel, tomamos banho, descansamos... apreciamos um ar condicionado, uma cama de primeira, enfim... dormimos exaustos. Acordamos e fomos no supermercado próximo comprar um lanche, estávamos cheios demais para jantar, devido aos excessos do almoço. Olha, dá para almoçar na boa nos supermercados peruanos, tanto no Wong quanto no Vivanda, pelo menos naqueles ali de miraflores - eles são uma mistura de Zona Sul (o super do carioca da zona sul) e um Pão de Açúcar metido a besta. Nessa noite comi um croissant de chocolate divino da padaria do Vivanda! Compramos alguns petiscos, bebidas e resolvemos comer no quarto mesmo. Afinal... no dia seguinte iríamos acordar cedo e repetir a saga rumo ao aeroporto - de novo! Foi quando nos demos falta do quadro....

(amanhã: enfim CUSCO!)