segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Sou conservadora. Sou liberal. E sou feminista também!


Existe uma corrente (majoritária, diga-se de passagem) que entende que uma feminista só pode ser de esquerda. Sinto muito, sou do contra. Nado mesmo contra a corrente e não estou nem aí. Sou liberal, sou conservadora e não me acho menos feminista por isso. Para quem não sabe o que esses palavrões (liberal, conservador e cia limitada) significam... leiam, sem preconceito o primoroso texto do Luiz Felipe Pondé. Se não esclarecer totalmente o tema, poderá abrir um pouco a mente de alguns para a questão (dos autores que ele cita, só posso pedir encarecidamente.. leiam Burke, Smith e Tocqueville, por favor!). Não sou socialista (que é o muitos dizem ser "de esquerda") pelo simples motivo de acreditar que da minha vida cuido eu (e não o ESTADO papai), por crer que minha liberdade de pensamento e ação não deve ser tutelada por buRRocrata de nenhum partido ou governo. Por fim, por confiar no individuo, no ser humano, naqueles seres pensantes com polegares opositores que desceram da árvore há algum tempo e não correm mais atrás de Sassás Mutemas e miragens do tipo. E ai de quem ousar dizer que não posso ser tudo isso e ser feminista! Agora... quanto a ter ou não bom senso, isso já são outros quinhentos! Sobre esse ponto está aberto o debate, rs.
No mais recomendo uma leitura da entrevista do poeta Ferreira Gullar - páginas amarelas da Veja - dessa semana. Ele (ex-comunista) diz sem papas na língua:
Sobre o capitalismo - "O capitalismo do século XIX era realmente uma coisa abominável, com um nível de exploração inaceitável. As pessoas com espírito de solidariedade e com sentimento de justiça se revoltaram contra aquilo. O Manifesto Comunista, de Marx, em 1848, e o movimento que se seguiu tiveram um papel importante para mudar a sociedade. A luta dos trabalhadores, o movimento sindical, a tomada de consciência dos direitos, tudo isso fez melhorar a relação capital-trabalho. O que está errado é achar, como Marx diz, que quem produz a riqueza é o trabalhador, e o capitalista só o explora. É bobagem. Sem a empresa, não existe riqueza. Um depende do outro. O empresário é um intelectual que, em vez de escrever poesias, monta empresas. É um criador, um indivíduo que faz coisas novas. A visão de que só um lado produz riqueza e o outro só explora é radical, sectária, primária. A partir dessa miopia, tudo o mais deu errado para o campo socialista. (…) O capitalismo não é uma teoria. Ele nasceu da necessidade real da sociedade e dos instintos do ser humano. Por isso ele é invencível. A força que torna o capitalismo invencível vem dessa origem natural indiscutível. Agora mesmo, enquanto falamos, há milhões de pessoas inventando maneiras novas de ganhar dinheiro. É óbvio que um governo central com seis burocratas dirigindo um país não vai ter a capacidade de ditar rumos a esses milhões de pessoas. Não tem cabimento."
Sobre Cuba - "Não posso defender um regime sob o qual eu não gostaria de viver. Não posso admirar um país do qual eu não possa sair na hora que quiser. Não dá para defender um regime em que não se possa publicar um livro sem pedir permissão ao governo. Apesar disso, há uma porção de intelectuais brasileiros que defendem Cuba, mas, obviamente, não querem viver lá de jeito nenhum. É difícil para as pessoas reconhecer que estavam erradas, que passaram a vida toda pregando uma coisa que nunca deu certo."
Obrigada, Ferreira Gullar. Agradecida pela honestidade! É muita emoção...

"O que é conservadorismo? Tratar o pensamento político conservador (“liberal-conservative”) como boçalidade da classe média é filosofia de gente que tem medo de debater ideias e gosta de séquitos babões, e não de alunos.
Proponho a leitura de “Conservative Reader” (uma antologia excelente de textos clássicos), organizada pelo filósofo Russel Kirk. Segundo Kirk, o termo começou a ser usado na França pós-revolucionária.
Edmund Burke, autor de “Reflexões sobre a Revolução na França” (ed. UnB, esgotado), no século 18, pai da tradição conservadora, nunca usou o termo. Tampouco outros três pensadores, também ancestrais da tradição, os escoceses David Hume e Adam Smith, ambos do século 18, e o francês Alexis de Tocqueville, do século 19.
Sobre este, vale elogiar o lançamento pela Record de sua biografia, “Alexis de Tocqueville: O Profeta da Democracia”, de Hugh Brogan.
Ainda que correta a relação com a Revolução Francesa, a tradição “liberal-conservative” não é apenas reativa. Adam Smith, autor do colossal “Riqueza das Nações”, fundou a ideia de “free market society”, central na posição “liberal-conservative”. Não existe liberdade individual e política sem liberdade de mercado na experiência histórica material.
A historiadora conservadora Gertrude Himmelfarb, no seu essencial “Os Caminhos para a Modernidade” (ed. É Realizações), dá outra descrição para a gênese da oposição “conservador x progressista” na modernidade.
Enquanto os britânicos se preocupavam em pensar uma “sociologia das virtudes” e os americanos, uma “política da liberdade”, inaugurando a moderna ciência política de fato, os franceses deliravam com uma razão descolada da realidade e que pretendia “refazer” o mundo como ela achava que devia ser e, com isso, fundaram a falsa ciência política, a da esquerda. Segundo Himmelfarb, uma “ideologia da razão”.
O pensamento conservador se caracteriza pela dúvida cética com relação às engenharias político-sociais herdeiras de Jean-Jacques Rousseau (a “ideologia da razão”).
Marx nada mais é do que o rebento mais famoso desta herança que costuma “amar a humanidade, mas detestar seu semelhante” (Burke).
O resultado prático desse “amor abstrato” é a maior engenharia de morte que o mundo conheceu: as revoluções marxistas que ainda são levadas a sério por nossos comissários da ignorância que discutem conservadorismo na cozinha de suas casas para sua própria torcida.
Outro traço desta tradição é criar “teorias de gabinete” (Burke), que se caracterizam pelo seguinte: nos termos de David Hume (“Investigações sobre o Entendimento Humano e sobre os Princípios da Moral”, ed. Unesp), o racionalismo político é idêntico ao fanatismo calvinista, e nesta posição a razão política delira se fingindo de redentora do mundo. Mundo este que na realidade abomina na sua forma concreta.
A dúvida conservadora é filha da mais pura tradição empirista britânica, ao passo que os comissários da ignorância são filhos dos delírios de Rousseau e de seus fanáticos.
No século 20, proponho a leitura de I. Berlin e M. Oakeshott. No primeiro, “Estudos sobre a Humanidade” (Companhia das Letras), a liberdade negativa, gerada a partir do movimento autônomo das pessoas, é a única verdadeira. A outra, a liberdade positiva (abstrata), decretada por tecnocratas do governo, só destrói a liberdade concreta.
Em Oakeshott, “Rationalism in Politics” (racionalismo na política), os conceitos de Hume de hábito e afeto voltam à tona como matrizes de política e moral, contra delírios violentos dos fanáticos da razão.
No 21, Thomas Sowell (contra os que dizem que conservadores americanos são sempre brancos babões), “Os Intelectuais e a Sociedade” (É Realizações), uma brilhante descrição do que são os comissários da ignorância operando na vida intelectual pública.
Conservador não é gente que quer que pobre se ferre, é gente que acha que pobre só para de se ferrar quando vive numa sociedade de mercado que gera emprego. Não existe partido “liberal-conservative” no Brasil, só esquerda fanática e corruptos de esquerda e de direita."

by Luiz Felipe Pondé - Folha de São Paulo.

3 comentários:

  1. Feminismo, ao meu ver, devia ser algo como 'feminismo= mulheres que não querem ser iguais ao homens e nem desejam que eles morram, só buscam a oportunidade de mostrar o que são capazes de fazer sem que alguém lhes impossibilite tantar só porque são mulheres'. É...por aí :)

    Mas tem feminista que assusta mais que homem, é fato.

    Eu não tenho nada contra o capitalismo. Proplema dele é que é uma boa ideia na mão de poucos e muito mal aplicado.

    e quanto ao 'Apesar disso, há uma porção de intelectuais brasileiros que defendem Cuba, mas, obviamente, não querem viver lá de jeito nenhum" .... Me lembrou aquele povo que da #FF na gente no twitter...Mas não segue a gente.

    Muito estranho :)

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  2. Sua noção de feminismo é bem parecida com a minha. Somos diferentes sim (e viva a diferença!) mas temos que ter direitos, deveres, chances e oportunidades iguais.
    Radicalismo existe em toda parte, até no feminismo. Mas nunca vi o feminismo matar ninguém, ao contrário... o machismo mata e muito.

    Sobre capitatismo... sou a favor. Cada um correndo atrás do seu honestamente. Quanto menos macaco mamando nas tetas do governo (somos todos nós que pagamos - cadê o serviço, cadê a educação, segurança, saúde, etc...) melhor!

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  3. Nao sou capitalista, nem socialista e nem comunista. Sou UTOPICA: Queria que existisse um equilibrio entre tudo isso.
    Mas tem algo nesse texto que me perturba. Mas nao quero pensar nisso nao, menina. Essa vida de reacionaria me cansa. huahuahuahua brincadeira.
    Eh hora de dormir, estou caindo de sono. Nao se assuste se encontrar algo exorbitante por aqui. Nesse momento sò consigo pensar nos meus quiabos paquistaneses cultivados em solo italiano (e viva a globalizaçao do mundo capitalista!)
    Beijocas, conta pra gente sobre a saude da baby two amanha.
    Boa noite!

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