terça-feira, 11 de setembro de 2012

Por um pouco de falsidade.... 2

Sobre a questão, iniciada ontem, da falta de falsidade ser um problema para vida em sociedade. 
No fim do dia tive um pequeno festerê com as colegues de trabalho.
Tudo muito bom, tudo muito bem e eis que o tema surge. Coincidência? Uma colegue mais antiga vem me indagar sobre outra, que notoriamente não me agrada e quer saber como andam as coisas. Tem gente que me estranha, mas... valeu a intenção. Disse que tudo muito bem, afinal mais do que um ser social, sou também civilizada. Posso conviver com quem não topo, ainda mais se a pessoa em questão for suficientemente falsa para puxar meu saco. Aturo na boa, fato. E segui explicando que tinha chegado à conclusão que entre uma dose de falsidade alheia e o excesso de sinceridade grosseira, fico com a primeira opção.
A vida fica tão mais fácil assim... veja só, a pessoa em questão é o ser mais perigoso que já conheci no meio. Mas respeito a cara pálida, ela não deixa a máscara cair... está sempre desempenhando - muito bem - o papel de santinha do pau oco e se passando pela mais cândida das criaturas. Cheguei ao ponto de respeitar a atuação, ela merece meus aplausos! Todo mundo que conheço sofreu na pele (ou sabe de um causo) com a dama cheia de boas intenções... ela é unanimidade. Mas não desiste, não entrega os pontos. Mantém a pose. É preciso respeitar tamanha falsidade. E, tive que admitir, ainda que contrariada, que apesar do sorriso amarelo e da baba venenosa, seu esforço para parecer agradável era (é) o que tem de melhor. Complicado mesmo seria ter que conviver com a versão real dela, um pesadelo. Fico até agradecida com a performance que antes me revirava o estômago. Me disseram que isso é a maturidade... sei não. Pode ser. Talvez. Quem sabe?
Ainda não dou conta de manter mais do que 5 minutinhos de bate papo, em público. Mas tenho feito minha parte, com louvor. Não destrato nem mando catar pedrinhas na rua. Nem mesmo saio correndo quando a vejo chegar na mesma sala em que estou. É uma evolução. Ou então são os frutos dos pedidos que fiz ao meu anjo da guarda... para me dar paciência com ela, para me fazer de surda e muda, para engolir nem que seja a base de óleo de rícino a sapa qua na lava pá.  Estou adotando uma abordagem puramente profissional da relação e confesso, estarrecida, que não é tão ruim assim...
Nada mudou com relação aos meu sentimentos, continuo a não gostar da pessoa em questão. Minha percepção  da realidade está inalterada. Ainda prefiro convidar o coisa-ruim pra tomar um chá lá em casa do que ela.  Happy hour com o cramulhão? Tô dentro, mas com ela não. Mas tem sido tão bom... tão mais fácil lidar com a figura e suas duas doses de falsidade que agora recomendo a aceitação desse modus operandi para todos. Funciona! 
Não se pode exigir dos outros o que eles não tem para dar: educação, polidez, gentileza, respeito... na falta desses, a falsidade e a mentira socialmente bem postas ajudam a vida a fluir... 
Pense num mundo sem mentiras, sem falsidades, sem interesses por de trás dos panos. Irreal, impossível de existir não pq seja bom demais, o paraíso na terra, mas justamente pelo contrário. Um mundo assim já teria se explodido em guerras autofágicas faz tempo. Lembram-se do fatídico 11 de setembro (new york, torres gêmeas e cia)?  Por um instante temi o início da terceira grande guerra... mas depois, fiquei até contente com o que posso chamar de falsidade diplomática e benéfica que evitou que a tragédia final eclodisse.  Imaginem Bush Filho e  Binbão Laden sentados numa mesma mesa sendo honestos, verdadeiros e completamente sinceros um com o outro. Iria faltar ventilador para jogar tanta M... Iria faltar planeta para eles destruírem. Não estaríamos aqui, assistindo as empresas made in China lançarem o fake do iPhone 5 antes da própria Apple. 
Não é o mundo ideal, é o possível. Não é a vida sonhada, mas dá para levar sem criar um tumor malígno. 
Cá entre nós, o problema da sociedade hoje em dia é justamente esse... a falta de falsidade. Vamos socializar geral a falsidade de que todos precisamos para sermos felizes. Estou trocando tapas na cara por abraços sonsos, sem nenhum pudor. Quero mais é ser bem tratada. Um elogio falso é menos pior do que elogio nenhum. 
Chega de alimentar pequenas guerras em nome de uma sinceridade covarde. Isso de ser honesto consigo mesmo, verdadeiro com tudo e todos é o mais alto grau de futilidade possível. Quem te disse que sua individualidade interessa ou é mais importante? Quem te disse que seus pensamentos ou ideias valem a pena?  A verdade, quando muito, faz sucesso entre as quatro paredes do seu banheiro.  Larga o seu umbigo de lado e olhe ao redor.  Se não pode amar, finja que ama. Quem muito finge um dia acaba amando mesmo, ou ao menos... não querendo mal. 
Chega de selvageria, viva a civilização.
Não seja fútil, seja falso. Pelo bem de todos!
Be smile. Nem que seja um be fake smile. Poker face.
E ponto final.



2 comentários:

  1. Belo post,minha amiga.Fiquei pensando muito nele...Estou lendo "As ilusões perdidas" do Balzac e teus comments têm tudo a ver...

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Falaê...

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