quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O caso Chick-fil-A

Elas tem fome e direitos também. 
Antes de tudo esclareço que acredito - pia e fervorosamente - em liberdade de expressão, de pensamento e de religião. E que SIM, também creio em direitos iguais para todos, independente do seu sexo ou orientação sexual. Ou seja, encaro como bom e necessário para a segurança jurídica da sociedade em geral a garantia - em igualdade de condições - do "casamento" civil entre pessoas do mesmo sexo. Não, não sou a favor de obrigar igrejas ou seitas religiosas a acatarem uma união que para elas é contrária a suas convicções. Defender direitos e garantias dentro de uma esfera civil, jurídica e laica é algo extremamente válido e correto. Para o bem de todos, igrejas e religiões foram postas para fora do governo há algum tempo, por bons motivos. 
Combinado?
Ótimo, então vamos ao caso que abalou a militância pró-gay nos Estados Unidos e que está sendo devidamente abafado - lá e aqui - pois foi o maior gol contra dos últimos tempos... A revolta do frango frito, rs.
Ok, não resisti à brincadeira. 
Deixem-me rir um pouco.
Agora... falando sério!
O que aconteceu?
Dan Cathy é o presidente da cadeia de fast-food Chick-fil-A e manifestou seu apoio ao casamento tradicional, como está na Bíblia, ou seja.... entre um homem e uma mulher.  Ele não deu nenhuma declaração contra o casamento gay ou atacou os homossexuais. Usou da sua liberdade de pensamento e manifestação para dizer no que acredita. Certo ou errado, deve ser respeitado em suas crenças pessoais. Faz parte do jogo num campo plenamente democrático, como é os Estados Unidos. Se tiver alguma dúvida, experimente ser militante ou um simples homossexual em países teocráticos, como os regidos pelo Islã. Se estiver faltando emoção e aventura na sua vida, é uma boa opção. 
Só que sua declaração acabou despertando a ira do movimento gay americano, destacando-se a liderança de Rahm Emanuel, ex-chefe de gabinete do presidente Obama e atual prefeito de Chicago, e vários outros figurões da esquerda como os prefeitos de Boston e da capital, Washington, DC. Esses se lançaram em campanha contra a cadeia de fast-food, chamando-a de "frango do ódio" e ameaçaram expulsar ou impedir a abertura de novas lojas em suas cidades. 
Sei não, mas isso me cheira a ditadura do politicamente correto e perseguição política a la neo-nazismo. Não gosto desse perfume. Já que não poderiam atacar a pessoa - coberta de garantias constitucionais - de dizer o que pensa... partem para cima de sua empresa. O cidadão em questão não disse odiar os gays nem se negou a atendê-los em suas lojas. Não houve nenhum caso relatado de maus tratos ou discriminação contra casais gays dentro dos estabelecimentos em questão. 
Golpe baixo é golpe baixo, seja de que lado vier. É preciso entender isso, antes de tudo. 
Não estou vendo ódio ou desinformação aqui.
Os progressistas e defensores das causas homossexuais podem até não gostar da opinião religiosa manifestada por Dan Cathy, mas devem respeitá-la. O ataque político e midiático resultou num tipo de linchamento moral de um cidadão cujo único "delito" foi expressar seu pensamento democraticamente, sem ofender ninguém. 
Só que... o tiro contra a cadeia de fast-food se revelou um tiro no pé da causa gay. A opinião pública americana reagiu com desgosto diante da ferocidade das ações de violência antidemocrática. Sim, chamem os americanos de reacionários, chamem eles de conservadores, chamem do que quiserem... mas eles tem um faro nato para o que é ou não correto no jogo democrático. São meio apegados aos seus direitos e garantias fixados pelos pais da pátria.
Em defesa da empresa, alguns políticos conservadores convocaram um ato de apoio ao Chick-fil-A, que consistia basicamente em convocar cidadãos para ir comer um sanduíche de frango no dia primeiro de agosto. Só e somente só isso. O evento foi informado na imprensa  e em blogs de todo país. A recepção da idéia foi uma total surpresa para todos, inclusive para o dono da empresa, que achava que teria, no máximo, um aumento de 15 a 20% de consumidores em suas lojas.
Fila de carros numa loja da rede de frango frito.
Para espanto geral, o comparecimento do público foi de mais de 100% e as vendas subiram num patamar colossal de 200%. Em muitos pontos de venda o frango acabou. Filas monstruosas eram vistas e o fim do estoque de um ou outro sanduíche era anunciado como vitória pelos funcionários e ovacionados pelo público presente. Os apoiadores da "causa do frango frito" tiravam fotos na frente dos diversos Chick-fil-A espalhados pelo país. 
Ninguém sabia o que fazer, de ambos lados. Choque geral com a resposta massiva e inegável da maioria silenciosa americana. Os conservadores ganharam apoio público e força política para seu movimento. Os progressistas se viram calados e sem ter o que falar ou fazer, já que deram origem à reação inesperada. Descobriram que mais do que defender a causa de uma minoria, eram uma minoria. Poderiam ser barulhentos, terem sustentação política e espaço na mídia, mas não eram os donos da vontade popular. Não eram sequer os donos da razão. 
Sem saber como lidar com a resposta - atravessada na garganta - partiram para censurar a imprensa, evitando que notícias fossem publicadas sobre o ocorrido em primeiro de agosto. Lidaram mal com a situação ao não saberem como reagir com a mensagem democrática dada pelo povo. 
Um jornalista, Mark Krzos, do News-Press de Gannett, Flórida, escreveu em sua página do Facebook:

A famosa maioria silenciosa se manifestando.
"Eu nunca me senti tão alheio em meu próprio país quanto hoje fazendo a cobertura dos apoiadores do restaurante. O nível de ódio, o temor infundado e a desinformação do povo eram espantosamente lamentáveis. Eu nem sequer posso publicar certas coisas que o pessoal dizia comendo seu maldito sanduíche”.

As fotos publicadas mostram o contrário, em vez de ódio e temor ou desinformação, pessoas simples e famílias comuns, felizes como se fosse um dia festivo. Não há incidentes a relatar apesar das filas imensas nem da falta de sanduíches, que ocorreu justamento por ninguém esperar tamanho comparecimento da população.  Sim, é complicado descobrir que a grande maioria não comunga de suas idéias nem apóia sua causa política, mas isso não justifica o desrespeito para com o pensamento delas.  Os americanos são notoriamente religiosos e contra o casamento gay. Perdeu nos 32 estados onde a proposta foi posta em votação.  Apesar de antiquada a visão de Cathy sobre casamento tradicional, segundo as normas bíblicas, é compartilhada pela maioria. Isso continua a indignar os ativistas homossexuais. 
Chamar os americanos de homofóbicos ou rir de suas convicções religiosas profundamente arraigadas em nada irá contribuir para a causa pró-gay. Em algum momento o movimento pelos direitos homossexuais passou do ponto. Suspeito e arrisco dizer que foi quando passaram a agir como os únicos donos da verdade. Não é possível impor sua visão de mundo para o outro. No máximo é possível pedir respeito - e mostrar respeito - para ser respeitado. 
Isso foi mais do que bola fora, foi um gol contra!

3 comentários:

  1. eu sou a favor de casamento gay, sou a favor do cara dizer que é CONTRA casamento gay, sou a favor de cada um cuidar do próprio nariz e deixar os outros respirarem também...

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  2. Falou tudo Inaie!
    Liberdade de expressão, pensamento e cia ilimitada é via de mão dupla, tem que valer para todos.

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  3. Excelente post Gê! Irretocável. Os tolerantes precisam aprender a serem... tolerantes!

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