quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Amor aos Pedaços - Reintegração

Vitral da Cadetral de Colônia - Alemanha (leia nota ao fim do texto)
Deveria ter feito essa postagem em julho mas me perdi entre viagens e outras coisinhas na cabeça. E apesar de todo atraso, eis-la aqui. Antes tarde do que nunca, dizem. Com essa desculpa apresento minha contribuição.
O texto ficou meio que rascunhado, meio solto, sem lenço nem documento. Por incrível que parece, foi difícil de ajustar o que escrevia com o que sentia, e assim fui adiando e deixando para lá. Só que isso de deixar algo de lado, não funciona bem. Volta e meia me via pensando em como terminar. De que forma daria corpo e alma ao quinto pedaço dessa blogagem coletiva, me perguntava.
Fui juntando pedacinhos aqui e acolá e cheguei à conclusão  que estava montando um vitral, desses coloridos e luminosos, como das antigas cadetrais.  Desses que não fazem mais...
Cadetrais e belos vitrais são coisa rara, assim como amores que superam as duras provas do tempo. Basta uma pedra para por abaixo um coração sensível. Assim como os cristais quando quebrados restam em centenas de caquinhos.
Porque sejamos sinceras - cruelmente sinceras - quem hoje em dia se preocupa em juntar os cacos de um amor despedaçado? Isso é coisa de gente antiga, do tipo que não existe mais...
Será? 
É preciso ter alma forte e dedos de anjo para catar cada cristalzinho, separar, limpar, procurar seu par... um trabalho de artesão, longo, sem dia para acabar... sem garantia de como vai ficar ao final. Valerá a pena?
Pensa bem, esse coração estilhaçado precisa ser curado por artistas do amor. Necessita de cuidado diário, de atenção constante, de mãos delicadas e da materiais que estão em falta no mercado: amor, carinho, respeito, dedicação e vontade de restaurador. Além de tudo... não é serviço para um só. São exigidos dois experts interessados para recuperar esse amor, no mínimo. Imagina, então, a dificuldade que é encontrar não um, mas dois especialistas!
Nos dias de hoje? Complicado...
É tão mais fácil ir ali na esquina e comprar baratinho - de plástico, oh esse não quebra! - uma nova versão daquilo que um dia se chamou de amor. O que não faltam são ofertas e oportunidades de negócios nesse ramo. Claro que há o perigo de levar gato por lebre, mas... quem se importa? Pelo custo módico e baixo investimento até que vale a pena se arriscar, se der errado é só descartar e arrumar outro.
Assim, fácil fácil. Assim, falso falso. 
O que me impressiona é que apesar de tudo ainda há pessoas que se importam e preferem fazer um belo vitral desses pedacinhos do que colocar outra peça no lugar. Talvez porque cristal de qualidade não se encontre mais no mercado. Talvez porque saibam que não há substituto material para um amor verdadeiro. 
E, quando menos se espera,  um dia todo o exaustivo trabalho finda e, como por milagre, temos pronto um belo vitral... mais forte, mais resistente e talvez ainda mais bonito do que antes. 
Amor reintegrado, que se torna íntegro novamente. Amor que foi posto à prova, amor restaurado, amor abençoado.
Amor  que reflete e ilumina todos que estão em volta.
Amor que transborda em luz e cor, amor inspirado.
Amor que resiste ao tempo e aos modismos.
Amor Verdadeiro.


Nota sobre o vitral: Durante a Segunda Guerra Mundial, os moradores de Colônia - Alemanha, retiraram todos os vitrais da sua famosa Cadetral (onde estariam os restos dos 3 reis magos) com medo deles serem danificados por bombardeios. Milagrosamente a igreja não foi atingida, apesar da cidade ter sido quase toda posta abaixo. De todos os vitrais enterrados profundamente para sua segurança, apenas um se danificou. Para substituí-lo, anos depois, foi contratado o artista modernista  Gerhard Richter. Tive o privilégio de conhecer a cidade e a cadetral in locu, e o contraste entre o moderno e o gótico ficou perfeito.
Seria apelação dizer que ficou divino? 




3 comentários:

  1. Eu acho que vitrais são sempre divinos..assim como o amor, e esse(o verdadeiro)tá cada vez mais dificil de achar,né?

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  2. Nossa Ge... ameeei o texto!
    Pensando sobre o amor... eu sempre acho que quando è amor de verdade è eterno, mesmo. Essa coisa de "infinito enquanto dure" pra mim nao è amor. E acho que quando è amor de verdade a gente sai catando os pedacinhos, mesmo. Acho que isso è dificil de se ver hoje em dia porque quanto mais as pessoas se tornam superficiais, mais è dificil reconhecer o verdadeiro amor.
    Beeeijos!

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  3. Madi, difícil mesmo. Infelizmente!

    Gisa,
    Também acho... essa turma que do "enquanto der..." pra mim está falando de paixão (e olhe lá), tesão, desejo, sexo. Isso faz parte, mas não é amor. Amor de verdade... sai catando os cacos, se preciso for.

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