segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Anatomia feminina

Alguma coisa mudou ao longo dessas última décadas nas mulheres. Posso falar porque sou uma representante da espécie mulher sapiens. Nossas mães foram às ruas e queimaram alguns sutiãns, a pílula dourada foi inventada, conquistamos a duras penas nossos espaços em universidades, concursos públicos e no mercado de trabalho em geral. Só que no meio de toda essa liberalização não encontramos nem liberdade nem felicidade. Confundimos liberdade com libertinagem e felicidade com fetiche. Misturamos tudo num samba da criola doida e o resultado é o que vemos por aí: insatisfação geral, jornada tripla de muito trabalho, dores nas costas e sonhos desfeitos. O que mais me surpreende foi o mal uso que fizemos dessa tão propalada igualdade enfim (quase) conquistada por nós.  Hoje nos sentimos do direito de repetir os mesmos erros que durante anos a fio acusamos os homens. Pior, fazemos questão de elevar (ou rebaixar?) o nível desses enganos a níveis jamais vistos, numa competição nojenta de qual dos sexos consegue ser mais baixo e vil no tratamento com o outro. Antes éramos usadas e descartadas. Agora usamos e descartamos homens como se fossem meros objetos. Não vejo nenhuma evolução nisso. Na verdade involuímos como um todo, perdemos a noção. Essa que é a verdade nua e crua! Tem algo errado, isso é fato.
Parece que vivemos por uma vingança boba, como se disputássemos o prêmio de o mais "esperto" no jardim de infância. Vingancinhas bestas em relacionamentos baratos: muito corpo e pouca alma. Muito sexo e pouco sentimento. Muito de nada. Ao longo desse tempo angariamos dores, desamores, divórcios, pesadelos e infartos do miocárdio. Nossos filhos, quando o temos, são criados por babás, escolas e estranhos. A conta bancária cresceu e os desejos de consumo triplicaram... corremos atrás da última modice, do novo esmalte e da it-bolsa que nos fará a tal. Corremos atrás e continuamos correndo como roedoras numa roda, enjauladas por nossas superficiais sensações. Escondemos nossa sensibilidade em algum lugar obscuro e conseguimos ser ainda mais duronas que um herói de filme de aventura, aliás agora estrelamos filmes de aventura. Lara Crofts turbinadas, siliconadas dançando na passsarela do fracasso em grande estilo. Homens são cachorros? Seremos cachorronas dez vezes pior! Homens são galinhas? Hoje disputamos entre nós com todo afinco o título de rainha do galinheiro e achamos que isso é motivo de orgulho.  Seremos, faremos e tomaremos o lugar deles de os grandes safados do reino animal. Sinceramente, hoje tenho até pena dos coitados que andam por aí, presas fáceis dessa nova raça de caçadoras impiedosas e inescrupulosas. Eles não tem qualquer chance... são usados, comidos, sugados e depois humilhados sem dó num serviço de buffet livre. Degustamos e depois cuspimos no prato. Nos gabamos de cada cueca tomada com a vantagem que no fim, se não gostamos do resultado, ainda podemos pisar em cima e espalhar por aí que o suposto galã é broxa. Contra a língua de uma mulher não há homem que possa.
Sei não... em algum lugar desse caminho acho que pegamos o desvio errado. Não era bem isso que queríamos. Não é isso que eu quero e não é isso que ensinarei às minhas filhas, com certeza. Podem me acusar de careta, antiga ou o que valha. Antes isso, prefiro até. Não quero voltar no tempo, nem tenho vocação para ser uma amélia moderna, que fique bem claro. Só me recuso a aceitar que ser piriguete é normal, que agir como uma puta é legal e ser a cachorra do baile é prova de emancipação total. Anatomicamente falando, sou uma mulher de outras eras... assumida. Fiz meia volta volver porque esse caminho não é meu.

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