sábado, 26 de novembro de 2011

BASTA!

Um tipo de violência -nem sempre muito disfarçada - que existe por aí é a religiosa. Sei, é um terreno perigoso. Sou um pessoa com convicções religiosas, tenho minha fé e isso é importante para mim. Mas sou contra todo tipo de proselitismo religioso. Nunca vou tentar convencer ninguém que a minha religião é melhor ou mais adequada que outra. Só que até dentro deste tema espinhoso é preciso avaliar o que é feito com as mulheres em nome de uma suposta fé. Mulheres são consideradas e tratadas como seres inferiores com base em interpretações equivocadas da Bíblia ou de tradições religiosas diversas. Até hoje muitos culpam as mulheres pelo mal e pela morte, o tal do pecado original e a expulsão do paraíso primitivo. Cerimônias religiosas, especialmente as de matrimônio, são usadas para afirmar, ainda que de uma forma discreta e ritualística, a supremacia masculina e a submissão que se espera das mulheres. 
Outra coisa que não entendo, e jamais vou entender é o papel de coadjuvante das mulheres, impedindo sua participação plena e ativa da vida religiosa. Regra geral mulheres não são ordenadas e não podem, por exemplo, celebrar missas. Muitos se valem, ardilosamente, de textos bíblicos para desqualificar ou impedir a participação plena no discipulado de Jesus, o que em meu íntimo não concordo. Não há justificativa espiritual que explique ou impeça uma mulher de vocação religiosa ao trabalho religioso em igual condições com um homem, é a negação de potencialidades dessas mulheres, que ao longo de toda história cristã deram provas de sua capacidade e espiritualidade. Mesmo assim, diante de todas as limitações impostas, mulheres deram provas de sua fé e força através dos séculos, dentro das mais diversas igrejas e religiões do mundo.
Apesar desses modelos de fé, a religião seguiu sendo usada - distorcidamente - para limitar, podar e estabelecer critérios de conduta diferenciados entre os sexos, com todas as desvantagens para as mulheres, claro. Não são coisas do passado, infelizmente, o tratamento discriminatório dos membros de uma religião contra mulheres divorciadas, mães solteiras ou, o que julgo o pior possível, contra mulheres vítimas de violência sexual, que são afastadas do seio da igreja, não recebendo o apoio pastoral justamente quando mais precisam. Ser abandonadas, renegadas e destratadas nessa fase delicada e difícil por que passam não é ao meu ver uma atitude digna, ainda mais se vinda de uma comunidade religiosa.
Homens mal intencionados e mal esclarecidos valem-se desse tipo de distoções para justificarem seu tratamento, ou melhor, seus mau tratos com suas companheiras. A religião na mão desses verdadeiros marginais é usada como forma de reprimir psicológicamente mulheres, forçando-as a agir ou fazer coisas sem sequer raciocinar se isso é o bom ou adequado para elas. Uma manipulação cruel que vem sendo sistemáticamente usada ao longo dos tempos.
BASTA! Religião é para o aprimoramento da vida interior, dar sustento moral e apoio ao desenvolvimento espiritual de todos, homens e mulheres, seu mau uso deve ser combatido. Não se pode aceitar o uso do BEM para os propósitos do mal, em nenhuma hipótese.

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