domingo, 15 de maio de 2011

Sou quem preciso ser.

Sabe qual o maior problema de se completar 39 anos? Saber que os "enta" estão logo ali, te acenando na esquina. Fico pensando como será. Haverá alguma grande mudança ou não? Até hoje tenho sido quem preciso ser, exatamente eu. Nem mais nem menos. Nos bons e nos maus momentos, sempre pude contar comigo. Há uma certa segurança nisso, sentir-se confortável dentro da sua própria pele, apesar de tudo.
Lembro de quando criança sonhar com fazer 18, algo a ver com liberdade e independência... e com o fato de poder dirigir, que descobri depois que não gosto... de dirigir, é claro. Ainda não conheço quem desgoste de liberdade e independência.
Depois a data mais marcante foram os 30, tinha acabado de ter minha segunda filha (na verdade aos 29) e por ainda não ter feito aniversário não pude fazer a ligação de trompas (depois descobri que fui veramente enrolada, afinal já tinha 2 filhas e poderia sim fazer a laqueadura!).
Os últimos 10 anos voaram, uau... é difícil fazer uma síntese de tudo. Deixei o trabalho, fui mãe 24 horas por dia, brinquei de dona de casa (zero vocação pra isso, mas me esforço e agradeço pelas boas empregadas que encontrei pela vida afora), fui uma esposa até razoável. Tentei ser fiel a mim mesma e não me perder em meio a tantos detalhes insignificantes. Descobri coisas inusitadas, como por exemplo, um instinto maternal leonino, um orgulho imensurável por cada pequeno ato das meninas, como se fosse responsável por eles... nada, elas já nasceram prontas, e sem dúvida nenhuma muito melhor que os genitores. No ramo alimentar a mais inesperado foi um dia me apaixonar por pizza de banana... eu detestava bananas! E, mês passado caí de amores por sushi e sashimi... Quem entende? Eu não...
Gosto de mim, aprecio meus humores, minhas mudanças ao longo do tempo... nem todas para melhor,confesso. Fiquei impaciente, menos diplomática, cada dia mais exigente, estou virando uma chata de galocha. lludo-me pensando que estou menos ingênua e crédula, mas sei que não é bem assim, no fundo ainda creio nas pessoas, acredito em boas intenções e em segundas chances. Isso, claro, continua me metendo em confusões, sei que uma dose de malícia cairia bem, mas soa falso e fora de tom em mim.
Sem falsa modéstia, sei que sou bonita, simples assim. Adoro o conjunto como um todo, e no particular... bem, vejamos: minhas pernas (santo dna, gracias mamá), o bocão, olhos, meus ombros largos (estranho, sei, mas... gosto!), o cabelão castanho, enfim... me amo e pronto. Antes não gostava dos meus joelhos e do meu nariz, atualmente adoro meu perfil, e me conformei por não ter os dedos longos e lindos da minha mãe... não se pode ter tudo! Meus olhos são inconstantes como a dona... azuis, verdes, cinzentos, faz parte do charme.
Se tivesse o azar de nascer num corpo masculino, ia ser uma drag queen deslumbrante, rsrsrs. Tem umas coisitas a melhorar, mas nada que altere minha autoestima ou abale a confiança. Meu espelho me adora e é correspondido intensamente. Sou vaidosa, apesar de relaxada... sim morro de preguiça de me cuidar, a genética tem feito milagres até agora. Espero que continue assim. In DNA I trust!!!
Metida a intelectual, curiosa, leitora voraz, uma tonta que ainda se importa com política e com o país. Quase uma boa companhia, admito que tem dias que sou insuportável... adoro ser paparicada, mimada, o centro das atenções, e de repente... encho disso tudo e sumo, me tranco no meu mundinho particular e não estou nem aí para nada nem para ninguém. Coisas de pisciana com ascendente em leão. Sombra e luz, tudo junto ao mesmo tempo. Sorte que não me faltam amigas compreensivas com essa dona encrenca aqui.
Sinto falta de criar, de trabalhar, isso sim é algo a se pensar... voltar ao batente. Aceleradamente retornar à labuta, o mais rápido possível.... não dá para adiar mais, isso urge em minhas entranhas.
Ah, se tudo der certo, e dará, os 40 serão comemorados em alto e bom som! Estou doida pra me ver oficialmente coroa, kkkk. Fui uma balzaca interessante, os trinta foram intrigantes, para dizer pouco. Passei por situações e fiz coisas antes inimagináveis, a vida me surpreendeu e nem tudo foram flores. Sobrevivi e renasci mais forte, criei na marra um pequeno sistema de autodefesa. Mudanças inesperadas, sim. Mas, necessárias diante da realidade imposta. Agora, me pergunto... O que virá? Será que vou mudar muito? Ansiedade pra me conhecer... ou reconhecer nos quarenta. Como serei na próxima década?
Espero apenas continuar sendo eu mesma, sendo quem preciso ser, quem amo ser... essa senhora levemente irresponsável que ama livros, adora discutir pelo prazer de discutir, que paga mico sem remorço, baba em cima das filhas e sobrinhos, adora chocolate amargo e flores brancas, precisa de perfumes para existir, acorda cada dia diferente... ora perua, ora menina, de vez em quando vamp, mas sempre rindo de si mesma, eternamente inconstante, assumidamente contraditória, que tem asas nos pés e anseia por criar raízes (ah... delírios), enfim, euzinha. A idéia de envelhecer me apetece, sei que há uma velhinha irreverente doida para sair de dentro de mim... loucuras à vista.
Se der tempo, concluir o italiano e retomar o francês... Tem algo mais jolie que fazer biquinho pra falar? Rodar o mundo de mochila nas costas, bem acompanhada de preferência, ter netinhas... criar rugas, usar óculos vermelhos, ter o direito de continuar a me reinventar sempre que der vontade, curtir as amigas, criar gatos, falar palavrão (estou treinando desde já), fotografar, beijar muito, dançar até os pés doerem, andar, caminhar, correr para o mar...  sentir o por do sol, dentro d'água, num dia morno de verão, a vida é bela e continuará sendo, aos quarenta, aos cinquenta, e assim por diante.
Lembrei agora, preciso saltar de páraquedas, preciso fazer isso antes dos quarenta... é o que falta da lista de coisas a fazer dos trinta anos. Ainda estou bolando a dos quarenta, tem tanta coisa ainda. Voltar em Florença e quebrar outras camas de hotel, rs. Rever a Guatemala. E, se for possível, pisar na Ásia... o oriente me fascina, seria incrível botar os pés lá... Aprender a mergulhar, ir a Fernando de Noronha e conhecer as geleiras no sul da Argentina. O deserto do Atacama também está na lista, assim como a Colombia e o Peru. Ver as meninas se tornarem cidadãs de bem, entrarem na faculdade, serem donas do próprio nariz, encontrarem o amor... E, se possível, continuar a andar de mãos dadas com meu par, dormir abraçadinho e acordar feliz sem saber exatamente porquê. Na verdade, sabendo muito bem o porquê.
Construir meu chalé, em algum canto entre o mar e as montanhas, com lugar para meus livros e minhas fotos. Longe da cidade grande, mas não muito... não sei onde ainda. Plantar heras e flores na entrada, uma jabuticabeira nos fundos, uma camélia perfumada perto da janela do quarto, redes na varanda e uma boa churrasqueira. Uma pequena lareira para as noites mais frias e duas cadeiras de balanço, lado a lado. Sim, não posso esquecer dos álamos, pelo menos quatro deles. Nos meus sonhos já está tudo planejado, só falta achar o lugar ideal. Saberei quando o encontrar, por isso não me preocupo. Há tempo para tudo, basta não perder o foco e continuar em frente.
Não sei o que me espera, mas vou andando com fé, de vez em quando irriquieta, noutras tranquila. Vou adiante, seguindo meus instintos, fazendo o que é preciso, fiel aos meus princípios, sendo eu mesma e isso tem bastado. Pelo menos até agora tem sido o suficiente. Espero que continue sendo. O que será, será!
Keep calm and carry on.

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