sábado, 7 de maio de 2011

Perder e ganhar... faz parte do jogo.


"Não queremos perder, nem deveríamos perder: saúde, pessoas, posição, dignidade ou confiança. Mas perder e ganhar faz parte do nosso processo de humanização."
Lya Luft

Richard Bach diz que não se deve lamentar pelas perdas. Elas são necessárias para voltar a se encontrar... Será mesmo? Voltar para onde ou para quê?  Se for para voltar a ver sem a capa das ilusões, sem os véus da mentira, e isso não é ruim, ou pelo menos, não é tão ruim quanto parece, pode até ser. As perdas podem nos jogar no chão, ou nos tirar do chão... é um tsunami ou um terremoto pessoal, escolha sua metáfora preferida. Ela não será boa o bastante para descrever o que acontece dentro de qualquer um de nós nessas situações. Gosto mais da expressão tsunami, envolve água, meu elemento, e porque sempre penso em emoções como ondas... ondas grandes, pequenas, mera espuma... mar calmo, agitado, enfim, sou pisciana, meus sentimentos são oceânicos.
Perder não é fácil... não importa o que foi perdido, se doeu, se abalou... era importante, talvez mais do que imaginasse. Não é fácil ver exposta a sua própria humanidade, a sua fragilidade, reconhecer a sua dor. Talvez ninguém mais perceba, ou jamais descubra... mas quem interessa, você... você sabe o que aconteceu. E, você passou e de alguma forma sobreviveu ao tsunami. Sorte? Capacidade? Destino? Quem sabe... tudo isso e talvez outros fatores jamais  compreendidos. E, o pós-tsunami? E, o medo de ser tragado de novo para o olho do furacão no meio do mar, onde não há salva-vida, onde não há luz, só frio e medo, ondas gigantescas, água incontrolável, desespero sem fim...
Quem controla o medo? Esse medo? Ter saído vendedor, isto é, vivo... apesar de tudo, de um tsunami não implica em se sentir melhor. Afinal, você está aí... em pedaços, mas está vivo, inteiro, aparentemente vitorioso. Um campeão! Aparências enganam. Campeões tem medo, justamente porque sabem o que enfrentaram.... e sabem como foi difícil, e que talvez o mérito não seja só seu.
Matar um leão por dia não é tarefa para qualquer um, pouco importa se o leão é marinho ou de quatro patas... ele ruge, ele urra, ele luta para vencer você. Tem hora que dá vontade de desistir... de largar as armas e então aceitar o inevitável, que seria a perda final... a visita da senhora morte. Sinceramente, não é ela que me assusta, são as pequenas perdas ao longo do caminho que temo. Sempre vi uma certa dignidade na perda final, como uma passagem premiada ou algo assim... parabéns, cumpriu com seu dever, hora do descanso, ufa! O duro é manter a dignidade no caminhar até ela, isso sim é que me assombra. E, se não for digna o suficiente? E, se todas as vitórias e todas as perdas, afinal computadas, não valerem de nada?  
Como não se lamentar? Que processo de humanização é esse que exige tanta dor? Desde quando perder algo nos tornará, essencialmente, melhor? Duvido que seja assim... senão já viveríamos num mundo de perfeição moral, pois o que não falta são sofrimentos, dores e frustrações para onde quer que olhemos a fundo. Nem sempre o sofrimento gera seres humanos melhores, o que tenho visto é justamento o contrário, dor gerando mais dor, multiplicando perdas, triplicando vinganças, doenças, traições, mortes, desconfianças, indignidades e desgraças sem fim, num círculo vicioso de lágrimas e sangue.
O pouco que aprendi até agora é que perder e ganhar simplesmente são fatos da vida, fazem parte do jogo. Nem mais nem menos. Evitar a dor é impossível, ela virá... cedo ou tarde, é inevitável assim como as marés. Se pudesse dar um conselho, diria que fique pronto para correr, para nadar, treine seu fôlego e fique atento aos seus instintos. E reze para saber o que fazer na hora que o sinal de alerta tocar. Bem, ouvir o alarme já é um bom sinal, tem gente que escuta e continua a agir como se nada tivesse acontecido, um absurdo... fingir que o perigo não vem ou não existe só por ignorar seu alerta, é um suicídio. Não há dignidade no suicídio, não há coragem nenhuma nisso, mas essa é só a minha opnião... por mais que a vontade de desistir seja grande... a vida sempre é maior, e a gente luta por ar no meio do afogamento, é instintivo... ainda bem!
Sim, eu lamento por minhas perdas, e gostaria de ter o poder de evitar novas perdas ou de reverter as antigas, só que não o possuo. Não sei se elas me tornaram uma pessoa melhor ou mais humanizada... realmente não sei. Se pudesse escolher nunca optaria pela dor como processo de aprendizado apesar de reconhecer que é uma mestra e tanto, impossível esquecer suas lições. De tudo que pude guardar até agora, só sei que agora o medo me acompanha, e ele é um péssimo companheiro, o pior dos conselheiros e muito mal educado, não vai embora ainda que o expulse constantemente. Quando penso que me livrei desse chato... olho e lá está o infeliz me acompanhando. Espero arrumar uma utilidade para esse convidado indesejado, pois algo me diz que ele ficará ainda por um bom tempo.

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